São Paulo, quarta-feira, 16 de maio de 2007

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60º Festival de Cannes

Brasil começa sua participação lateral em Cannes

Sem concorrentes à Palma de Ouro, filmes brasileiros fazem parte de mostras paralelas do festival, que tem início hoje

Títulos de Lina Chamie, Sandra Kogut, Cesar Charlone e episódio de Vicente Ferraz representam o país no evento de cinema


SILVANA ARANTES
ENVIADA ESPECIAL A CANNES

O 60º Festival de Cannes começa hoje, com a exibição de "My Blueberry Nights" (minhas noites de blueberry).
Primeira produção em inglês do chinês Wong Kar-wai ("2046"), estrelada por Natalie Portman, Norah Jones e Jude Law, "My Blueberry Nights" dá a largada na disputa pela Palma de Ouro, que tem outros 21 concorrentes. O vencedor será conhecido no próximo dia 27.
Para o Brasil, que não teve filmes escalados para a competição pela Palma de Ouro, Cannes começa de fato amanhã, quando "A Via Láctea", da cineasta Lina Chamie, abre a seção paralela Semana da Crítica.
Nesse seu segundo longa, Chamie ("Tônica Dominante") aborda a história de um amor em crise e faz de São Paulo uma de suas personagens.
Para tentar reatar o diálogo -e a relação- com Júlia (Alice Braga), a mulher que ama, Heitor (Marco Ricca) terá de vencer primeiro os obstáculos da cidade, como seu trânsito.
Chamie diz que é "sem dúvida um reconhecimento" ter o filme escolhido pela Semana da Crítica, que se dedica a filmes de diretores com no máximo dois longas no currículo.
"Minha expectativa é ver a relação que o filme estabelece com o público", diz a diretora.
A cineasta Sandra Kogut encerra a Quinzena dos Realizadores (outra seção paralela a Cannes), com "Mutum".
Diretora do documentário "Um Passaporte Húngaro", é o primeiro título de ficção de Kogut. Filmado no interior de Minas Gerais, "Mutum" é uma adaptação de "Manuelzão e Miguilim", de Guimarães Rosa.
Kogut afirma que "um festival deste porte abre muitas perspectivas para um filme e lhe dá possibilidades de uma vida mais longa e mais rica". "Mutum" estréia na Quinzena dos Realizadores no dia 25.
No dia 24, o brasileiro Vicente Ferraz, autor do documentário "Soy Cuba - O Mamute Siberiano", participa da mesma seção, com o longa-metragem coletivo "O Estado do Mundo", realizado por seis diretores.
O episódio de Ferraz, "Germano", é ficcional e tem a duração de 20 minutos. "É uma história singela sobre um grupo de pescadores da baía de Guanabara", conta o diretor.
O longa "El Baño del Papa" (o banheiro do papa), de Cesar Charlone e Enrique Fernández, co-produzido por Brasil e Uruguai, está na seleção oficial do Festival de Cannes. Escalado na seção Um Certo Olhar, ele estréia no dia 21.
Radicado no Brasil, o uruguaio Charlone é fotógrafo dos dois últimos longas de Fernando Meirelles. Por "Cidade de Deus", foi indicado ao Oscar.
"El Baño del Papa" parte da visita do papa João Paulo 2º à cidade uruguaia de Melo, em 1988. Prevendo muitos turistas para ver o papa (o que não houve), o protagonista do longa investe as economias da família na construção de um banheiro público e pago.
"É um filme sobre o sonho e a vontade de sonhar", diz Charlone, que se define como um representante da geração de 68 que segue "aferrado ao sonho".


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