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60º Festival de Cannes
Brasil começa sua participação lateral em Cannes
Sem concorrentes à Palma de Ouro, filmes brasileiros fazem parte de mostras paralelas do festival, que tem início hoje
Títulos de Lina Chamie, Sandra Kogut, Cesar Charlone e episódio de Vicente Ferraz representam o país no evento de cinema
SILVANA ARANTES
ENVIADA ESPECIAL A CANNES
O 60º Festival de Cannes começa hoje, com a exibição de
"My Blueberry Nights" (minhas noites de blueberry).
Primeira produção em inglês
do chinês Wong Kar-wai
("2046"), estrelada por Natalie
Portman, Norah Jones e Jude
Law, "My Blueberry Nights" dá
a largada na disputa pela Palma
de Ouro, que tem outros 21
concorrentes. O vencedor será
conhecido no próximo dia 27.
Para o Brasil, que não teve filmes escalados para a competição pela Palma de Ouro, Cannes começa de fato amanhã,
quando "A Via Láctea", da cineasta Lina Chamie, abre a seção paralela Semana da Crítica.
Nesse seu segundo longa,
Chamie ("Tônica Dominante")
aborda a história de um amor
em crise e faz de São Paulo uma
de suas personagens.
Para tentar reatar o diálogo
-e a relação- com Júlia (Alice
Braga), a mulher que ama, Heitor (Marco Ricca) terá de vencer primeiro os obstáculos da
cidade, como seu trânsito.
Chamie diz que é "sem dúvida um reconhecimento" ter o
filme escolhido pela Semana da
Crítica, que se dedica a filmes
de diretores com no máximo
dois longas no currículo.
"Minha expectativa é ver a
relação que o filme estabelece
com o público", diz a diretora.
A cineasta Sandra Kogut encerra a Quinzena dos Realizadores (outra seção paralela a
Cannes), com "Mutum".
Diretora do documentário
"Um Passaporte Húngaro", é o
primeiro título de ficção de Kogut. Filmado no interior de Minas Gerais, "Mutum" é uma
adaptação de "Manuelzão e Miguilim", de Guimarães Rosa.
Kogut afirma que "um festival deste porte abre muitas
perspectivas para um filme e
lhe dá possibilidades de uma vida mais longa e mais rica".
"Mutum" estréia na Quinzena
dos Realizadores no dia 25.
No dia 24, o brasileiro Vicente Ferraz, autor do documentário "Soy Cuba - O Mamute Siberiano", participa da mesma
seção, com o longa-metragem
coletivo "O Estado do Mundo",
realizado por seis diretores.
O episódio de Ferraz, "Germano", é ficcional e tem a duração de 20 minutos. "É uma história singela sobre um grupo de
pescadores da baía de Guanabara", conta o diretor.
O longa "El Baño del Papa" (o
banheiro do papa), de Cesar
Charlone e Enrique Fernández, co-produzido por Brasil e
Uruguai, está na seleção oficial
do Festival de Cannes. Escalado na seção Um Certo Olhar,
ele estréia no dia 21.
Radicado no Brasil, o uruguaio Charlone é fotógrafo dos
dois últimos longas de Fernando Meirelles. Por "Cidade de
Deus", foi indicado ao Oscar.
"El Baño del Papa" parte da
visita do papa João Paulo 2º à
cidade uruguaia de Melo, em
1988. Prevendo muitos turistas
para ver o papa (o que não houve), o protagonista do longa investe as economias da família
na construção de um banheiro
público e pago.
"É um filme sobre o sonho e a
vontade de sonhar", diz Charlone, que se define como um representante da geração de 68
que segue "aferrado ao sonho".
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