São Paulo, sábado, 16 de junho de 2007

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Presença do concretista Luis Sacilotto é surpresa

DO ENVIADO A KASSEL

A surpresa entre os brasileiros que participam da mostra é o pintor Luis Sacilotto (1924-2003), que foi um artista concreto paulista fiel a sua poética, desde os anos 50. Ele comparece com "Escultura Negra", de 1959, um dos muitos trabalhos modernos que funcionam como contraponto aos contemporâneos. Com essa escolha, o Brasil integra a exposição também como co-autor da história da arte.
A nacionalidade, no entanto, não é uma questão na Documenta. "Nenhum artista aqui representa um país, pois o que escolhemos foram os trabalhos dos artistas", disse a curadora Ruth Noack, logo após um jornalista israelense perguntar se havia trabalhos do ponto de vista israelense. A pergunta ocorreu logo após a palestina Ahlam Shibli, uma das quatro artistas a falar na entrevista coletiva, abordar sua obra.
Dos cinco brasileiros que participam em Kassel, apenas a obra da dupla Dias e Riedweg, com "Funk Staden", tem caráter documental, pois confronta as ilustrações de canibalismo dos livros de Hans Staden com encenações do funk carioca. A dupla está presente ainda com "Voracidade Máxima", produzida para o Museu de Arte Contemporânea de Barcelona, sobre prostituição masculina.
Outras três obras possuem relação com o país: as heliografias de Leon Ferrari, produzidas em São Paulo, em 1981; os vídeos da argentina radicada em Paris Alejandra Riera, feita com o grupo de teatro paulistano Ueinzz (que vem a Kassel, em julho), e as fotos do arquiteto nigeriano David Aradeon, em "Movimento de Formas. Antecedentes dos Espaços Afro-Brasileiros".
A artista Iole de Freitas ganhou grande visibilidade, com uma instalação que ocupa não só uma das imensas salas do Friedricianum, como também a parte externa do museu. Espaço privilegiado tem também Ricardo Basbaum. É sua a primeira obra vista no novo pavilhão. Ele criou, em 1994, um objeto no projeto "Você Gostaria de Participar de uma Experiência Artística", que circula entre pessoas que documentam a convivência com ele.
Para a Documenta, Basbaum criou 20 deles, que circularam por várias partes do mundo. Num espaço denominado "estrutura arquitetônica escultórica", pode-se ver o registro da circulação dos objetos.
Por fim, obras de Mira Schendel (1919-1988) estão presentes em três espaços, dialogando com trabalhos distintos dos dela, como os desenhos pop da jovem japonesa Aoki Ryoko.
(FC)


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