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Presença do concretista Luis Sacilotto é surpresa
DO ENVIADO A KASSEL
A surpresa entre os brasileiros que participam da mostra é
o pintor Luis Sacilotto (1924-2003), que foi um artista concreto paulista fiel a sua poética,
desde os anos 50. Ele comparece com "Escultura Negra", de
1959, um dos muitos trabalhos
modernos que funcionam como contraponto aos contemporâneos. Com essa escolha, o
Brasil integra a exposição também como co-autor da história
da arte.
A nacionalidade, no entanto,
não é uma questão na Documenta. "Nenhum artista aqui
representa um país, pois o que
escolhemos foram os trabalhos
dos artistas", disse a curadora
Ruth Noack, logo após um jornalista israelense perguntar se
havia trabalhos do ponto de vista israelense. A pergunta ocorreu logo após a palestina Ahlam
Shibli, uma das quatro artistas
a falar na entrevista coletiva,
abordar sua obra.
Dos cinco brasileiros que
participam em Kassel, apenas a
obra da dupla Dias e Riedweg,
com "Funk Staden", tem caráter documental, pois confronta
as ilustrações de canibalismo
dos livros de Hans Staden com
encenações do funk carioca. A
dupla está presente ainda com
"Voracidade Máxima", produzida para o Museu de Arte Contemporânea de Barcelona, sobre prostituição masculina.
Outras três obras possuem
relação com o país: as heliografias de Leon Ferrari, produzidas em São Paulo, em 1981; os
vídeos da argentina radicada
em Paris Alejandra Riera, feita
com o grupo de teatro paulistano Ueinzz (que vem a Kassel,
em julho), e as fotos do arquiteto nigeriano David Aradeon,
em "Movimento de Formas.
Antecedentes dos Espaços
Afro-Brasileiros".
A artista Iole de Freitas ganhou grande visibilidade, com
uma instalação que ocupa não
só uma das imensas salas do
Friedricianum, como também
a parte externa do museu. Espaço privilegiado tem também
Ricardo Basbaum. É sua a primeira obra vista no novo pavilhão. Ele criou, em 1994, um
objeto no projeto "Você Gostaria de Participar de uma Experiência Artística", que circula
entre pessoas que documentam a convivência com ele.
Para a Documenta, Basbaum
criou 20 deles, que circularam
por várias partes do mundo.
Num espaço denominado "estrutura arquitetônica escultórica", pode-se ver o registro da
circulação dos objetos.
Por fim, obras de Mira
Schendel (1919-1988) estão
presentes em três espaços, dialogando com trabalhos distintos dos dela, como os desenhos
pop da jovem japonesa Aoki
Ryoko.
(FC)
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