São Paulo, quinta-feira, 16 de agosto de 2007

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Crítica

"Fahrenheit 451" mostra paixão de Truffaut por livros

INÁCIO ARAUJO
CRÍTICO DA FOLHA

Se não tivesse sido cineasta, François Truffaut teria sido provavelmente um ótimo escritor. Tinha talento para isso e amava os livros; sua juventude foi ocupada pela amizade ou pela correspondência com alguns autores importantes, entre eles, Jean Genet.
"Fahrenheit 451" (TC Cult, 13h35) é o filme que melhor dá conta dessa paixão, pois o mundo que Truffaut descreve (nessa sua incursão à Inglaterra) é o de plena repressão aos livros. Existe ali uma polícia só para eles. Porque livros são o pensamento, são um espaço intocável de liberdade. Uma sociedade autoritária seria, assim, aquela em que os muitos sentidos próprios do livro fossem substituídos por um sentido único -a TV, com a voz e a verdade das autoridades, se prestaria bem a esse papel.
Essa ficção científica se aplica bem ao nazismo, ao stalinismo. Será que não ao nosso tempo? Somos sutis no século 21: a TV ocupa milhões toda noite; a tiragem dos livros é irrelevante. Talvez a polícia dos livros não seja tão necessária, afinal.


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