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"Cansado" do MinC, Gil faz shows em SP
Ministro diz que espera a inclusão da Cultura no Programa de Aceleração do Crescimento para decidir sobre sua saída
Nos shows que fará hoje e amanhã no Citibank Hall, ele poderá cantar até cinco das 12 músicas que compôs desde dezembro de 2006
LUIZ FERNANDO VIANNA
DA SUCURSAL DO RIO
Pouco depois de gravar "Olho
Mágico" para a série "Retrato
Celular", feita pela Conspiração Filmes para o Multishow,
Gilberto Gil conversou com a
Folha em seu estúdio, anteontem à noite. Não largou do violão um minuto. Comum para
seus amigos, a cena tem um significado especial neste momento, no qual o artista vem recuperando o espaço perdido,
nos últimos quatro anos, para o
ministro da Cultura.
Nos shows que fará hoje e
amanhã no Citibank Hall, ele
poderá cantar até cinco das 12
músicas que compôs desde dezembro de 2006. Entre elas,
"Olho Mágico" e "Banda Larga
Cordel", canção-conceito da
turnê que passou por Marrocos
e Europa estimulando o público a tirar fotos e filmar as apresentações. O repertório de
"Banda Larga" será a base do
próximo CD de Gil, quando ele
já deverá ser ex-ministro.
"Ficou claro para todo mundo, no fim do ano passado, que
eu estava cansado. Continuo
cansado do ministério. Quando
houve a especulação de quem
fica e quem não fica [para o segundo mandato de Lula], eu
disse logo: quero sair, quero ir
embora. Foi aí que se insinuou,
em vários setores da área cultural, a campanha no sentido de
que eu ficasse. Quando fui pedir ao presidente para sair, ele
estava respaldado. Fiquei meio
sem ação", conta.
Gil diz ter pedido a Lula
"mais atenção" de outros ministérios e a elevação do orçamento da sua pasta para 1% dos
gastos do governo.
O Ministério do Planejamento ainda não fez uma proposta
de reajuste que agrade aos servidores da Cultura, que podem
retomar a greve iniciada em 15
de maio e suspensa em 27 de julho. O orçamento está em torno
de 0,6%.
"A boa notícia é que ele [Lula] resolveu incluir a cultura no
PAC [Programa de Aceleração
do Crescimento] social. Estamos apresentando uma programação robusta que vai implicar
numa multiplicação do orçamento", diz Gil, "querendo esperar" a inclusão dos projetos
no PAC para decidir sua saída.
"Não estou me colocando um
prazo para sair. Disse ao presidente que, já que era para ficar,
eu ia ficando, até que eu revisse
essa posição."
Relaxamento
Gil diz que se sente "um pouco mais relaxado em relação à
disciplina de não fazer música
para não atrapalhar o tempo
ministerial".
"Nos primeiros anos eu estava desbravando coisas, atendendo a todos os pedidos, fazendo uma agenda exaustiva
para apresentar o ministério. E,
também, para contrariar um
pouco as expectativas de que
"ah, é o artista, vai tratar o ministério como coisa secundária". Eu quis mostrar que não,
que estava lá para trabalhar.
Essa agenda diminuiu, a dependência cotidiana da figura do
ministro é menor", afirma.
Permanecem críticas ao fato
de ele fazer shows nos horários
vagos do ministério (noites,
fins de semana e férias de julho) e ter, recentemente, negociado "Pela Internet" para um
comercial de banco.
"Eu tenho impressão de que
o desempenho explica ou contextualiza essa bipolaridade
das funções. Não vejo nenhuma
implicação negativa que tenha
sido evidente para quem quer
que seja nestes quatro anos e
meio. Ao contrário: no mundo
todo, as pessoas celebram com
muito interesse a associação
das duas coisas. E, mesmo no
Brasil, apesar das críticas iniciais e das desconfianças, o conjunto da sociedade brasileira
percebe que não tem feito mal.
A minha agenda é submetida
previamente à Comissão de
Ética Pública. Nunca teve problema", afirma Gil, que ainda
não recebeu um pedido de esclarecimento da comissão sobre o comercial. "Se visse algum conflito ético, não teria
autorizado."
GILBERTO GIL - BANDA LARGA
Quando: hoje, às 21h30; e amanhã,
às 22h
Onde: Citibank Hall (av. Jamaris, 213,
tel. 0/xx/11/6846-6000)
Quanto: de R$ 70 a R$ 140
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