São Paulo, sexta-feira, 16 de setembro de 2011

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CRÍTICA MUSICAL

Na telona, 'Glee' vira templo de redenção dos nerds

Cheio de clichês de autoajuda, filme baseado no seriado é mistura de programa de calouros com culto religioso

VERA MAGALHÃES
DE SÃO PAULO

O melhor momento de "Glee 3D: O Filme" é a cena em que o cadeirante Artie Abrams (Kevin McHale) diz: "Não acredito que gostem tanto de nós a ponto de fazerem um filme em 3D". De fato, é difícil de acreditar.
Transportado para a telona, o seriado perde o (pouco) sentido e vira uma bizarra mistura de programa de calouros do tipo "American Idol" com culto neopentecostal dos nerds.
O enredo -professor enfrenta obstáculos para montar um clube de música com os "esquisitos" da escola- dá lugar a uma mistura de show e "documentário" em que fãs explicam, em tom piegas, como "Glee" mudou suas vidas.
O que nasceu como seriado teen musical que "apenas" destruía qualquer canção que tocasse vira um amontoado de clichês de autoajuda. O propósito fica claro já na escolha do repertório, com músicas como "Born This Way", de Lady Gaga, interpretada pelo elenco usando camisetas alusivas aos "defeitos" de cada um, como "Quatro-Olhos" e "Nariguda".
E, diga-se, há público para isso. A pré-estreia à qual a Folha assistiu estava lotada de fãs do seriado (os "gleeks") que vibravam com cada música cantada em tom de hinário gospel e com as histórias tristes dos personagens do documentário.
O ar de culto religioso aparece ainda em cenas como aquela em que o cadeirante se levanta e começa a rodopiar no palco. A mensagem subliminar é: milagres podem acontecer se você acreditar no seu sonho.
Depois de anos fazendo películas que riam dos chamados "losers", como as franquias "Porky's" e "American Pie", Hollywood agora se oferece para redimi-los.

GLEE 3D: O FILME
PRODUÇÃO EUA, 2011
DIREÇÃO Kevin Tancharoen
COM Cory Monteith, Dianna Agron e Lea Michele
ONDE Espaço Unibanco Pompeia, Market Place Cinemark e circuito
CLASSIFICAÇÃO não informada
AVALIAÇÃO ruim


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