São Paulo, domingo, 16 de outubro de 2005

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Desta vez, SP pode ir além do Minhocão

LAURA MATTOS
DA REPORTAGEM LOCAL

"Belíssima", garante o autor paulistano Sílvio de Abreu, mostrará a cidade de São Paulo além das imagens óbvias do Minhocão, Ibirapuera e da avenida Paulista.
Com o Projac (central de estúdios da Globo), a base da teledramaturgia nacional foi deslocada para o Rio (antes, era em SP, em razão de Tupi e Excelsior). Desde então, tornou-se mais caro e complexo deslocar equipes para gravar nas ruas paulistanas. Muitas tramas "ambientadas" em SP acabam restritas a imagens clichês e réplicas na cidade cenográfica.
Principal autor de novelas "paulistanas" da atualidade, Abreu conta que é a primeira vez que a Globo concorda em gravar semanalmente em SP. "Antes era mais complicado porque as equipes viajavam só duas vezes por mês. Eu tinha de equacionar bem as cenas para aproveitar ao máximo a oportunidade. Se o tempo mudava, o que é comum, tínhamos de gravar no Rio."
"Belíssima", diz, deverá ter uma equipe fixa em SP. "Vai encarecer a produção, mas a Globo aceitou, porque quer a realidade da região. Mais do que qualquer outra novela que eu tenha feito, "Belíssima" vai ter o chão, a cara de SP."
Segundo Abreu, a capital tem algumas características que dificultam a gravação das novelas: "O clima é muito inconstante, e o trânsito é intenso. É bem complicado conseguir fechar uma rua para fazer uma cena. No Rio, todo mundo está mais acostumado".
Para Maria Adelaide Amaral, autora de minisséries sobre a capital paulista ("A Muralha", "Um Só Coração"), "é muito mais difícil ambientar uma história em São Paulo porque a base de operações da Globo para teledramaturgia é o Rio". "Mas alguns autores, como Sílvio de Abreu, insistem que suas novelas sejam ambientadas em São Paulo, o que é fácil de entender. Nós sabemos como fala, pensa e se comporta o pessoal da Mooca e do Cambuci e não temos a menor idéia de como é a população de Madureira [Rio]." Maria Adelaide é portuguesa, mas mora em SP desde os 12 anos.
Outro "estrangeiro paulistano", Hector Babenco dirigiu para a Globo neste ano "Carandiru - Outras Histórias". Espécie de complemento de seu longa-metragem, a série se passa no presídio e na periferia paulistanos. Nesse caso, a equipe de produção era independente, a mesma do filme. "A cidade é sempre um obstáculo porque é gigante, tem um trânsito infernal. Mas no Rio é tão ruim quanto. São Paulo está ganhando esse espaço na teledramaturgia porque é uma pólo concentrador de riqueza e produção cultural."

Mercado financeiro
Os investimentos da Globo no principal mercado financeiro do país não crescem só na teledramaturgia. A rede, cuja sede paulistana fica na zona sul, inaugura amanhã um estúdio na avenida Paulista a fim de facilitar o deslocamento de equipes de reportagem. No início do mês, iniciou a construção de um novo edifício, ao lado da sede, que deve ficar pronto até 2007, quando o "Domingão do Faustão" poderá finalmente ser transferido para SP.


Texto Anterior: Sílvio de Abreu troca tese pela emoção
Próximo Texto: Mônica Bergamo
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.