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Desta vez, SP pode ir além do Minhocão
LAURA MATTOS
DA REPORTAGEM LOCAL
"Belíssima", garante o autor
paulistano Sílvio de Abreu, mostrará a cidade de São Paulo além
das imagens óbvias do Minhocão,
Ibirapuera e da avenida Paulista.
Com o Projac (central de estúdios da Globo), a base da teledramaturgia nacional foi deslocada
para o Rio (antes, era em SP, em
razão de Tupi e Excelsior). Desde
então, tornou-se mais caro e complexo deslocar equipes para gravar nas ruas paulistanas. Muitas
tramas "ambientadas" em SP acabam restritas a imagens clichês e
réplicas na cidade cenográfica.
Principal autor de novelas "paulistanas" da atualidade, Abreu conta que é a primeira
vez que a Globo concorda em gravar semanalmente em SP. "Antes
era mais complicado porque as
equipes viajavam só duas vezes
por mês. Eu tinha de equacionar
bem as cenas para aproveitar ao
máximo a oportunidade. Se o
tempo mudava, o que é comum,
tínhamos de gravar no Rio."
"Belíssima", diz, deverá ter uma
equipe fixa em SP. "Vai encarecer
a produção, mas a Globo aceitou,
porque quer a realidade da região.
Mais do que qualquer outra novela que eu tenha feito, "Belíssima"
vai ter o chão, a cara de SP."
Segundo Abreu, a capital tem
algumas características que dificultam a gravação das novelas: "O
clima é muito inconstante, e o
trânsito é intenso. É bem complicado conseguir fechar uma rua
para fazer uma cena. No Rio, todo
mundo está mais acostumado".
Para Maria Adelaide Amaral,
autora de minisséries sobre a capital paulista ("A Muralha", "Um
Só Coração"), "é muito mais difícil ambientar uma história em
São Paulo porque a base de operações da Globo para teledramaturgia é o Rio". "Mas alguns autores,
como Sílvio de Abreu, insistem
que suas novelas sejam ambientadas em São Paulo, o que é fácil de
entender. Nós sabemos como fala, pensa e se comporta o pessoal
da Mooca e do Cambuci e não temos a menor idéia de como é a
população de Madureira [Rio]."
Maria Adelaide é portuguesa, mas
mora em SP desde os 12 anos.
Outro "estrangeiro paulistano",
Hector Babenco dirigiu para a
Globo neste ano "Carandiru - Outras Histórias". Espécie de complemento de seu longa-metragem, a série se passa no presídio e
na periferia paulistanos. Nesse caso, a equipe de produção era independente, a mesma do filme. "A
cidade é sempre um obstáculo
porque é gigante, tem um trânsito
infernal. Mas no Rio é tão ruim
quanto. São Paulo está ganhando
esse espaço na teledramaturgia
porque é uma pólo concentrador
de riqueza e produção cultural."
Mercado financeiro
Os investimentos da Globo no
principal mercado financeiro do
país não crescem só na teledramaturgia. A rede, cuja sede paulistana fica na zona sul, inaugura
amanhã um estúdio na avenida
Paulista a fim de facilitar o deslocamento de equipes de reportagem. No início do mês, iniciou a
construção de um novo edifício,
ao lado da sede, que deve ficar
pronto até 2007, quando o "Domingão do Faustão" poderá finalmente ser transferido para SP.
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