São Paulo, sexta, 16 de outubro de 1998

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MODA PARIS
"Maisons" são o centro das atenções

France Presse
Modelo apresenta biquíni da coleção de Alexander McQueen


ERIKA PALOMINO
enviada especial a Paris

Todo o mundo quer saber o que fazem os novos criadores estrangeiros nas "maisons" do prêt-à-porter de Paris, onde a temporada de lançamentos de primavera-verão 99 segue até terça. Assim, os ingleses John Galliano (Dior) e Alexander McQueen (Givenchy) estão no centro das atenções, acompanhados agora pela espanhola Cristina Ortiz na Lanvin (cargo anteriormente de Ocimar Versolato).
Nessas casas de conteúdo histórico, é preciso manter viva a chama do desejo da compra nas clientes de hoje. Três desfiles diferentes: Galliano recebeu seus convidados nos suntuosos salões da Dior, com as cadeiras espalhadas pelas salas em meio a champagne, aroma de laranja e canela e muitas plantas.
McQueen, despojadíssimo, deslocou o povo da moda até um ginásio esportivo na periferia de Paris devidamente "maquiado" por cadeira e tecidos pretos. A Lanvin ofereceu um café da manhã no desfile realizado ontem num salão do prédio da Bolsa de Valores.
Dos três, quem patinou foi Galliano. A imagem se assemelha a pin-ups tipo Vargas em estilo militar russo, com boca de boneca em vinho, cabelos presos em rabos de cavalo e sobrancelhas reforçadas, em bonés de exército com estrelas vermelhas e terninhos militares com pantalonas gigantes. Aproveitando a onda, também a calça tipo cargo (uma das coqueluches da moda, com bolsos laterais e cintura baixa) ganha versão "chic".
A silhueta é sempre alongadíssima, cinturada, valendo-se de saias plissadas e calças que cobrem as sandálias. Acessórios de passarela como mangas postiças de lã como perneiras ou o famosos colares que sobem pelo pescoço ilustram diferentes momentos, até as formas revisitadas de Dior, com saia evasê e volume feito de plissados.
Outro momento importante chega nos vestidos-ilustrações também em estilo russo, de estampas de referência cubista. Pronto: agora vêm. Mas não. O desfile acaba, com aquela sensação de que não há nem a fantasia de moda nem a vida real.
Em meio a boatos que iria para o lugar de Galliano na Dior, McQueen conquista com uma mulher verossímil e bonita, com um poder que vêm lá dos anos 80, jogando o cabelo para lá e para cá.
Trata-se de uma elegância moderna, calcada em exercícios de geometria bicolor em terninhos de compridas pantalonas.
Vestidos pouco abaixo do joelho vêm com botinha branca de salto e cano baixo, usadas com cinta-liga masculina. Para o dia, a mulher Givenchy usa vestidos retos em azul pastel, sem manga, quatro dedos acima do joelho. A atitude é comercial, mas o corte é preciso.
O jérsei chega sensual, com aplicações de brilhos no cinza. Fendas nas costas e saias culminam no excepcional maiô de losangos de Gisele Bundchen, aplaudidíssimo pela diva fashion de McQueen (e Galliano), Isabella Blow.
Lanvin agrada na simplicidade quase minimalista, arquitetural. A tecnologia têxtil serve para dar conforto sobretudo no tratamento do algodão, em tafetá, náilon, resina e no linho. A serenidade fica por conta dos tons lavados em lilás (o novo cinza?), limão, rosa e azul.
Nas formas, túnicas alongam junto a calças estreitas; jaquetas ganham estrutura nos ombros; os volumes são trabalhados com a fluidez de drapeados singelos nas saias quadradas e nos vestidos retos. O cabelo é liso como a passarela de plástico branco por onde passeiam as modelos de sapatilha de plástico transparente.
Mais: alguns dos mais adoráveis bordados da temporada, nos vestidos em gaze e organza stretch, como finos grafismos ou aplicações de brilhos tipo espelhinhos. O vestido longo de decote V com barrado como se desfiado é uma síntese da nova elegância Lanvin.



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