São Paulo, sexta, 16 de outubro de 1998

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RESTAURANTE CRÍTICA
Brasil e Itália dão as mãos no Empório Ravioli

JOSIMAR MELO
especial para a Folha

O nome, é claro, parece uma predestinação. Que o arquiteto Roberto Ravioli deveria se transformar em restaurateur estava na cara. Ou na carteira de identidade.
Cem por cento das pessoas que não o conhecem estão certas de que o Empório Ravioli tem este nome como uma ingênua homenagem à cozinha italiana. E pasmam ao saber que se trata de um nome próprio. Mas é assim.
Ravioli, ainda nos tempos de maior dedicação à arquitetura (que ainda hoje ele exerce), já se via inclinado à gastronomia -vide a Pizza Bros., animada pizzaria jovem, da qual, em família, ele foi sócio criador.
Ele também esteve, mais tarde, na origem da pizzaria Mastroianni (por briga com os sócios, hoje, sem ele, a casa se chama Marcello'z). Passou por outras empreitadas na área, de bufê de festas a "catering" de corridas de Fórmula 1.
Mas talvez sua mais interessante criação tenha sido o Empório Ravioli, que começou num espaço acanhado e simpático, mas teve vida curta -fechou dois anos atrás por problemas com a vizinhança.
Isso foi antes da Mastroianni. A idéia, no entanto, ficou encubada por este tempo, e renasceu mais forte agora.
O novo Empório Ravioli tem os mesmos méritos do anterior e várias vantagens. O maior mérito está nesta espécie de casamento entre o espírito brasileiro (muito pela herança portuguesa) do botequim, e a exuberância lúdico-gastronômica da cantina do sul da Itália.
Esta sua nova versão é espaçosa, decorada com despojamento pelo próprio Ravioli (evocando um botequim interminável e pudicamente aberto para a rua por meio de um terraço discreto), e traduz à mesa o referido casamento de intenções. Toma-se caipirinha, chope (escuro, inclusive) e bebe-se vinho; come-se sanduíche de pernil e de bife à milanesa e pede-se uma massa leve ou mais robusta.
Roberto Ravioli e o chef José Nilson de Oliveira fazem clássicos como o fígado à veneziana (acebolado, com polenta, hoje praticamente relegado, justamente, aos cardápios de botequim), lasanha ou filé à parmigiana; mas também, ao longo das sugestões do dia, espaguete com abobrinha, camarão, mascarpone e açafrão; ravióli (a massa) de pato e gengibre com molho de radicchio e cassis; ou um ossobuco com polenta.
Com essas e outras, Brasil e Itália vão dando as mãos.
²
Cotação: bom / $$
Onde: r. Fidêncio Ramos, 18 (Vila Olímpia, zona sul), tel. 866-2908
Quando: domingo a quinta, 12h/0h; sexta e sábado: 12h/1h
Cozinha: sanduíches de boteco, saladas e pratos italianos de cantina
Ambiente: decorado como um bonito empório antigo, com uma varanda lateral
Serviço: correto
Estacionamento (pago) com manobrista
Cartão: A., S. e V.
Quanto: couvert, R$ 1,95; entradas e saladas, R$ 4,90 a R$ 11,80; massas, R$ 7,10 a R$ 14,90; carnes e aves, R$ 12,80 a R$ 14,90; sobremesas, R$ 3,10 a R$ 5,90




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