São Paulo, quinta-feira, 16 de novembro de 2006

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Crítica

Nagib vê utopias em longas nacionais da década de 90

CRÍTICO DA FOLHA

"O Cinema da Retomada - Depoimentos de 90 Cineastas dos Anos 90", organizado por Lúcia Nagib (ed. 34), e "Cinema de Novo - Um Balanço Crítico da Retomada", de Luiz Zanin Oricchio (ed. Estação Liberdade), publicados respectivamente em 2002 e 2003, já haviam aberto, no formato livro, a temporada de reflexão ampla e consistente sobre a cinematografia do país no período posterior ao governo Collor.
Mais verticalizado na análise, "A Utopia no Cinema Brasileiro - Matrizes, Nostalgia, Distopias" tem um recorte bem definido, de uma dúzia de filmes, para estudar "o ressurgimento do gesto utópico no cinema brasileiro a partir de meados da década de 90, bem como suas variações e negações".
Primeiro, a autora introduz a "matriz dialética de utopia e antiutopia estabelecida pela obra de Glauber Rocha", centrando-se sobre imagens de mar e "a profecia utópica mais famosa do cinema brasileiro, expressa em "Deus e o Diabo na Terra do Sol" (1964): "O sertão vai virar mar, e o mar vai virar sertão'".
A investigação do "imaginário marítimo glauberiano" conduz ao "ponto inicial da curva utópica recente" em "Terra Estrangeira" (1995), de Walter Salles, bem como a "Corisco e Dadá" (1996), de Rosemberg Cariry, "Crede-mi" (1997), de Bia Lessa e Dany Roland, "Baile Perfumado" (1997), de Paulo Caldas e Lírio Ferreira, e "Abril Despedaçado" (2001), também de Salles.
Capítulos seguintes analisam a "utopia vazia" - em "Central do Brasil" (1998) e "O Primeiro Dia" (1999), de Salles, e "Latitude Zero" (2000), de Toni Venturi -, o "eu e o outro antropófago" ("Hans Staden", 1999, de Luiz Alberto Pereira), o "paraíso negro" ("Orfeu", 1999, de Carlos Diegues), a "utopia interrompida" ("Cidade de Deus", 2002, de Fernando Meirelles) e a "distopia urbana" ("O Invasor", 2002, de Beto Brant). Escritos por uma excelente leitora do audiovisual, os ensaios têm a característica primordial de todo bom estudo de cinema: tornam quase obrigatório rever esses filmes com o olhar atento à abordagem proposta por Nagib. (SÉRGIO RIZZO)


A UTOPIA NO CINEMA BRASILEIRO    
Autora:
Lúcia Nagib
Editora: Cosacnaify
Quanto: R$ 55 (216 págs.)


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