São Paulo, sexta-feira, 16 de dezembro de 2005

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ÚLTIMA MODA

Osklen na crista da onda

O skar Metsavaht não gosta de ser chamado de dono da Osklen. "Dono é quem compra, eu crio", diz ele, mostrando no laptop as referências de sua última coleção, inspirada no Rio de Janeiro e no estilo tropical: o mar, as "sereias" do Arpoador, o abacaxi...
A Osklen é a grife do momento no Brasil. Os jovens adoram. Os mais velhos não querem ficar para trás. Nos anos 90, quando foi criada no Rio, era apenas uma marca esportiva -e vem daí sua fama de surfwear e beachwear (roupa de surfe e de praia), definições que também deixam Metsavaht irritado. "Não faço roupa para ginástica nem para trabalhar. Minha roupa é para um momento de relax, de contemplação", ele define.
A alquimia da Osklen consiste em reunir o global e o exótico, o esportivo e o chique, o nostálgico e o supermoderno. Criações mais sofisticadas ganham o selo Royal Label, mas seguem o mesmo conceito da linha esportiva. "É uma roupa que serve tanto para o passeio na praia quanto para o restaurante da moda. É uma nova elegância, livre dos exageros da ostentação", diz.
Metsavaht é um homem rico. Mas a fortuna familiar parece não entrar nos cálculos do estilista. "Só saí do vermelho há um ano atrás", conta. Na última semana, a grife abriu sua terceira filial em São Paulo -na Daslu. Completou, assim, 32 lojas no Brasil. Embora seja às vezes associada ao estilo carioca, a Osklen bate recordes em SP: a loja do shopping Iguatemi é a que mais vende.
Em fevereiro do próximo ano, a grife abre a filial de 140 m2 em Genebra (Suíça). Em março, a de Paris. Já existem duas lojas Osklen em Portugal e outra em Saint-Tropez. O estilista é dono também da New Order, uma loja de acessórios com approach mais comercial.
No ano que vem, Metsavaht deve co-assinar com Narciso Rodriguez, um dos darlings da moda americana, uma linha de roupas masculinas. A sua coleção de alto verão, que chega às lojas em janeiro, tem raízes na Amazônia. A da próxima temporada outono-inverno foi inspirada na Índia e na Caxemira, para onde ele fará uma expedição.
Filho de estonianos e italianos, o gaúcho Oskar Fossati Metsavaht, 44, é médico. Fez especialização em traumatologia do esporte em Paris. É fã de esportes radicais: faz surfe e alpinismo. Entre suas conquistas está o fato de ter sido, ao lado de Bruno Menescal, o primeiro brasileiro a chegar ao topo do Mont Blanc, o pico mais alto da Europa.
Na moda, sua escalada promete ser ainda mais promissora.

CARLOS VERGARA

"Moda aqui é um vestir divertido"

O artista plástico Carlos Vergara, 64, um dos mais importantes do país, fará o cenário dos desfiles da Redley na Fashion Rio (de 9 a 14 de janeiro). É a sua primeira cenografia para as passarelas, mas não a primeira incursão na moda. Há 30 anos, ele fez a logomarca da Maria Bonita e projetou a loja da grife no Barrashoping.
Além dele, outros artistas participam dos desfiles no Rio, como as cantoras Maria Rita (para a Acqua Studio) e Virginia Rodrigues (para a estilista Marcia Ganem). As Carmelitas convidaram uma orquestra sinfônica para tocar durante seu desfile.

 

Folha - Como será o seu cenário para a Redley?
Carlos Vergara -
É um cenário simples, mas engraçado. É uma ilha no meio da passarela. Vou usar elementos de meu alfabeto artístico, inclusive as cores que são da minha palheta. Aceitei para me renovar e para me divertir.

Folha - Qual a sua impressão sobre a moda brasileira?
Vergara -
Tenho visto coisas muito interessantes. Houve um grande desenvolvimento, sobretudo no trabalho dos designers. Depois dos parangolés de Hélio Oiticica -que na verdade eram roupas-, penso que se desenvolveu uma tradição brasileira de um vestir divertido. Usamos as roupas não apenas para cumprir um papel formal na sociedade, mas também como uma diversão.

Folha - Isso seria uma particularidade da moda brasileira?
Vergara -
Embora a moda siga movimentos globais, acho que o Brasil tem esse aspecto interessante. Estilistas com Alexandre Herchcovitch e Fause Haten têm um descompromisso com a sobriedade que é muito legal.

Folha - A moda é arte?
Vergara -
É uma arte aplicada, que produz cultura, mas não produz pensamento. Com isso, não quero diminuir a importância da moda. Mas acho pretensioso que ela ou o artesanato de jóias pretenda ser arte. Pelo simples fato de estabelecer ciclos de verão e de inverno, a moda já se coloca como arte aplicada. Se fosse arte, ela não seria de verão ou inverno -seria de sempre.

MELISSA BY LOVEFOXXX
Lovefoxxx, vocalista do Cansei de Ser Sexy e musa do mundinho alternativo paulistano, assina a nova fachada da Galeria Melissa, em janeiro.

EMILIA'S SECRET
A produção é de época, mas são novinhas em folha as lingeries usadas por Malu Mader, Deborah Evelyn, Guilhermina Guinle e Deborah Bloch na minissérie global "JK", sobre a vida do presidente Juscelino Kubitschek. A figurinista Emilia Duncan encomendou à grife de underwear Verve dezenas de peças com look vintage, estilo anos 50. A marca é carioca e abriu uma loja na alameda Lorena, em São Paulo, na semana passada. Resta saber se haverá cenas picantes suficientes para exibir tantas calcinhas e sutiãs.


ALCINO LEITE, com Viviane Whiteman - ultima.moda@folha.com.br

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