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Comentário
Enciclopédia foge do modelo interativo
NELSON DE SÁ
COLUNISTA DA FOLHA
A Enciclopédia de Teatro, junto às outras do Instituto Cultural Itaú, de artes e literatura, levou à internet um modelo que
vem do papel. Poderia ter
aprendido nela mesma, internet, um modelo mais
apropriado ao novo meio.
Como está, de qualquer
maneira, é um instrumento que conforta toda uma
comunidade teatral, aquela do eixo Rio-São Paulo,
sedenta por registro histórico, como é próprio da
criação efêmera do palco.
O site espelha a cena
contemporânea, de maior
diversificação, como os cadernos "Dyonisos" retrataram e até ajudaram a estabelecer o teatro brasileiro
moderno, com suas edições voltadas aos Comediantes, ao TBC, Arena,
Oficina.
O que aquelas publicações traziam de revelação
e extensa informação esta
enciclopédia traz de diversidade, ainda que nem tanto de profundidade.
Retrata companhias e
personalidades do passado, mas é no relato contemporâneo que se apresenta mais valiosa, por ser
tão fragmentada a produção atual -e tão estilhaçado seu registro.
Mas a enciclopédia não
espelha a contemporaneidade em sua própria forma. Não aprendeu com
Wikipedia e outros mecanismos de interação que
permitiriam aos criadores
ajudar a escrever sua história.
Até nos links, que mais
parecem um desenvolvimento de índice onomástico, a enciclopédia é voltada para si mesma, desconfiada da contribuição
externa. Acaba por se fechar nesta ou naquela filiação, como é próprio do
modelo em papel. Pode-se
até imaginar que, cedo ou
tarde, vai acabar em livro.
Não deixa de ser curioso
que tome por ponto de
partida o ano de 1938,
quando se abre o teatro
brasileiro moderno, segundo a história oficial.
Está aí um preceito que
não resistiria a um mínimo de interação mais
agressiva.
E que não acompanha
sequer os estudos enciclopédicos mais complexos,
recentes, como o "Dicionário de Teatro Brasileiro"
coordenado por Jacó
Guinsburg, na editora
Perspectiva.
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