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ENTRELINHAS
O samba do Jabuti
CASSIANO ELEK MACHADO
DA REPORTAGEM LOCAL
Devagar se vai ao longe.
Ou pelo menos a algum lugar. O prêmio literário mais tradicional do país, o Jabuti, está
indo. Em sua edição deste ano, o
prêmio passará por algumas
mudanças que parecem discretas como o andar do cágado,
mas que fazem diferença.
O prêmio deixa de ser entregue durante as bienais para ganhar uma cerimônia própria,
em setembro. O Jabuti também
ganha mais uma categoria, a 17ª,
que atende por "Arquitetura,
Comunicação e Artes".
"Last but not least" o troféu
em forma de tartaruga ganha
nesta edição um manual de funcionamento, que estabelece mudanças nos critérios dos jurados.
"Vai funcionar como nas escolas de samba", conta o curador do prêmio, José Luiz Goldfarb. "Em vez de escolher simplesmente os livros, os jurados
vão dar notas para vários quesitos." Os votos serão dados em
envelopes lacrados que serão
abertos em cerimônia pública,
"como na apuração do Carnaval". "Fizemos isso para dar
mais transparência ao prêmio."
JABUTI SEM PALCO
Se o Jabuti cresce (veja acima), seu guarda-chuva ainda
não vale para todos. A editora
Imago ficou desapontada ao
tentar inscrever o livro "Abalou Bangu", de Flávio Marinho. Não há nenhuma categoria incluindo textos teatrais.
HIPOTECA
O site mais completo até então sobre prêmios literários internacionais colocou a plaquinha de vende-se no seu quintal.
O literature-awards.com
anuncia em seu próprio domínio que pode ser negociado no
tel. 00/xx/1-904-260-7599.
CHUCRUTE
A prestigiada revista alemã
"Lettre International" traz em
seu número mais recente um
poema do gaúcho Fabrício
Carpinejar. "Novíssimo testamento", do livro "Biografia de
uma Árvore" (2002), foi traduzido pelo veterano Curt Meyer-Clason, o mesmo que levou
Guimarães Rosa ao alemão.
DÉBUT
Uma das principais editoras
do país, Luciana Villas-Boas,
da Record, vai estrear como
autora. Ela prepara volume para a série de livros sobre profissões da própria Record. "O
Que É Ser Editora" deverá ser
antecedido por "O Que É Ser
Cineasta", de Cacá Diegues , e
"O Que É Ser Geógrafo", de
Aziz Ab'Saber, entre outros.
TERRA À VISTA
A rede de livrarias Nobel está
chegando a uma das praias
mais badaladas do país, a baiana Trancoso. A loja deve ser
aberta no final do mês no chamado Quadrado, no miolo do
vilarejo histórico.
@-elek@folhasp.com.br
GUTEMBERG
Dizem os americanos que 2003 foi o primeiro grande ano para os
livros eletrônicos, os chamados e-books. Nos primeiros três quartos
do ano foram vendidos 1,04 milhão de "exemplares" nos Estados
Unidos. Os números projetam crescimento de 64% em relação a
2002. Mas a festa do e-book não é generalizada. O número de
editoras trabalhando com o formato diminuiu e os fabricantes ainda
reclamam da dificuldade de exportar a tecnologia para outros países.
O Brasil é um desses que engatinha no assunto.
FORA DA ESTANTE
Salvador Dalí dizia, categórico como tudo que sempre
fez: "Sou melhor escritor do
que pintor, sem dúvida".
Sem dúvida. Seus ótimos livros atestam. Agora, no ano
do seu centenário, o catalão
(morto em 1989) tem toda
sua obra relançada na Espanha. No pacote, entra seu
único romance, "Rostos
Ocultos", que ele publicou
inicialmente na França e que
até este ano só chegara aos
espanhóis com 30 páginas
picantes a menos. O livro, de
1943, é reflexo do sucesso de
"Minha Vida Secreta", para
muitos o melhor livro do homem dos bigodes retorcidos, que saiu originalmente
nos EUA, em 1942. Como
aperitivo, basta dizer que
Dalí começa o livro assim:
"Quando eu tinha seis anos,
queria ser cozinheiro e já aos
sete Napoleão. Desde então
minha ambição vem aumentando sem parar". Bem
que alguma editora brasileira poderia trazer um nasco
dessas ambições para os tristes trópicos, que praticamente não viram nenhum
de seus tantos livros.
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