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Aposta em São Paulo
Aniversário devolve a cidade à condição de personagem em cem títulos até o fim deste ano
CASSIANO ELEK MACHADO
DA REPORTAGEM LOCAL
Um tema jogado na sarjeta pelo
mercado editorial vai tomar as
avenidas principais das livrarias
durante todo 2004. Graças aos
seus 450 aninhos, São Paulo será
mote, até o final de dezembro, de
algo em torno de cem títulos, pulverizados nos catálogos de pelo
menos três dezenas de editoras.
A movimentação começou já
em 2002, toma impulso neste janeiro de aniversário e se prolonga
por todo o ano, com o pico previsto para a metade de abril, época
da 18ª Bienal do Livro paulistana.
No balaio dos livros dos 450
anos entra de tudo, ainda que
quatro categorias sejam as líderes
das prateleiras: livros de fotografias (leia abaixo), estudos sobre
aspectos particulares da cidade,
reedições de clássicos e biografias
de paulistanos.
Em torno dos três últimos quesitos é que apareceu a "bandeirante" dessa movimentação editorial. A coleção Paulicéia, da editora Boitempo, lançou seus primeiros títulos em dezembro de
2002. Desde então foram nove títulos, aos quais devem se juntar
nos próximos meses obras sobre
Sérgio Buarque de Hollanda, sobre o centro velho paulistano e
um volume de crônicas sobre São
Paulo do carioquíssimo João do
Rio (do qual a Folha publica um
trecho inédito, abaixo).
Duas outras editoras já saíram
no ano passado com coleções "são
paulinas", que vão crescer durante
2004. A Ediouro está lançando
uma biografia de Pelé, do escritor
e jornalista José Castello, terceiro
título da série Avenida Paulista,
lançada no final de 2003. O próximo biografado nas livrarias será o
polêmico Jânio Quadros, tema do
jornalista Ricardo Arnt.
"Coleção São Paulo" é o nome
de uma terceira série paulista, lançada pela Paz e Terra na metade
de 2003. Seus seis primeiros títulos tinham como ponto de fuga o
resgate de "clássicos esquecidos",
como "São Paulo nos Primeiros
Anos - São Paulo no Século 16", de
Afonso D'Escragnolle Taunay, ou
"São Paulo de Meus Amores", de
Afonso Schmidt.
A organizadora da coleção, a
historiadora Paula Porta, deve
publicar o trabalho mais vasto
deste quarto centenário e meio.
"História da Cidade de São Paulo", que sairá também pela Paz e
Terra, terá 1.800 páginas, divididas em três volumes, com textos
de grandes especialistas em assuntos relacionados à paulicéia.
Estão no projeto pesquisadores
como Aracy Amaral, Boris Kossoy, Carlos Lemos, John Monteiro, Elias Thomé Saliba, José de
Souza Martins e companhia.
"A idéia era fazer uma síntese
do conhecimento acumulado sobre a cidade, conseguir uma atualização do que se sabe sobre cada
grande assunto", diz Porta, 35,
que atualmente também coordena a área de cultura do Comitê
450 Anos, da Prefeitura.
Será também um livro o presente "oficial" de Marta Suplicy aos
convivas escolhidos da festa paulistana. Obra de farta documentação da evolução arquitetônica de
São Paulo, organizada pelo arquiteto e sociólogo Nestor Goulart
Reis Filho, "São Paulo - Vila, Cidade, Metrópole" deve ficar pronto ainda para o dia 25 de janeiro.
Também já chegando às prateleiras neste mês estão histórias saborosas sobre a aniversariante.
"Yolanda", do dramaturgo e
jornalista Antonio Bivar, por
exemplo, esquadrinha com detalhes a vida da primeira dama das
artes modernas Yolanda Penteado (1903-83). Mulher de Ciccillo
Matarazzo, com ele deu o pontapé inicial a instituições como a
Bienal de São Paulo e aos museus
de Arte Moderna e de Arte Contemporânea, ligado à USP.
Não será dona Yolanda a única
"prima-dona" de volta na cidade.
A editora A Girafa, que publica o
livro, lançará também ainda em
janeiro uma biografia de Veridiana Prado (a Dona Veridiana), do
jornalista Luiz Felipe D'Avila.
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