São Paulo, sábado, 17 de janeiro de 2004

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Aposta em São Paulo

Aniversário devolve a cidade à condição de personagem em cem títulos até o fim deste ano

CASSIANO ELEK MACHADO
DA REPORTAGEM LOCAL

Um tema jogado na sarjeta pelo mercado editorial vai tomar as avenidas principais das livrarias durante todo 2004. Graças aos seus 450 aninhos, São Paulo será mote, até o final de dezembro, de algo em torno de cem títulos, pulverizados nos catálogos de pelo menos três dezenas de editoras.
A movimentação começou já em 2002, toma impulso neste janeiro de aniversário e se prolonga por todo o ano, com o pico previsto para a metade de abril, época da 18ª Bienal do Livro paulistana.
No balaio dos livros dos 450 anos entra de tudo, ainda que quatro categorias sejam as líderes das prateleiras: livros de fotografias (leia abaixo), estudos sobre aspectos particulares da cidade, reedições de clássicos e biografias de paulistanos.
Em torno dos três últimos quesitos é que apareceu a "bandeirante" dessa movimentação editorial. A coleção Paulicéia, da editora Boitempo, lançou seus primeiros títulos em dezembro de 2002. Desde então foram nove títulos, aos quais devem se juntar nos próximos meses obras sobre Sérgio Buarque de Hollanda, sobre o centro velho paulistano e um volume de crônicas sobre São Paulo do carioquíssimo João do Rio (do qual a Folha publica um trecho inédito, abaixo).
Duas outras editoras já saíram no ano passado com coleções "são paulinas", que vão crescer durante 2004. A Ediouro está lançando uma biografia de Pelé, do escritor e jornalista José Castello, terceiro título da série Avenida Paulista, lançada no final de 2003. O próximo biografado nas livrarias será o polêmico Jânio Quadros, tema do jornalista Ricardo Arnt.
"Coleção São Paulo" é o nome de uma terceira série paulista, lançada pela Paz e Terra na metade de 2003. Seus seis primeiros títulos tinham como ponto de fuga o resgate de "clássicos esquecidos", como "São Paulo nos Primeiros Anos - São Paulo no Século 16", de Afonso D'Escragnolle Taunay, ou "São Paulo de Meus Amores", de Afonso Schmidt.
A organizadora da coleção, a historiadora Paula Porta, deve publicar o trabalho mais vasto deste quarto centenário e meio. "História da Cidade de São Paulo", que sairá também pela Paz e Terra, terá 1.800 páginas, divididas em três volumes, com textos de grandes especialistas em assuntos relacionados à paulicéia.
Estão no projeto pesquisadores como Aracy Amaral, Boris Kossoy, Carlos Lemos, John Monteiro, Elias Thomé Saliba, José de Souza Martins e companhia.
"A idéia era fazer uma síntese do conhecimento acumulado sobre a cidade, conseguir uma atualização do que se sabe sobre cada grande assunto", diz Porta, 35, que atualmente também coordena a área de cultura do Comitê 450 Anos, da Prefeitura.
Será também um livro o presente "oficial" de Marta Suplicy aos convivas escolhidos da festa paulistana. Obra de farta documentação da evolução arquitetônica de São Paulo, organizada pelo arquiteto e sociólogo Nestor Goulart Reis Filho, "São Paulo - Vila, Cidade, Metrópole" deve ficar pronto ainda para o dia 25 de janeiro.
Também já chegando às prateleiras neste mês estão histórias saborosas sobre a aniversariante.
"Yolanda", do dramaturgo e jornalista Antonio Bivar, por exemplo, esquadrinha com detalhes a vida da primeira dama das artes modernas Yolanda Penteado (1903-83). Mulher de Ciccillo Matarazzo, com ele deu o pontapé inicial a instituições como a Bienal de São Paulo e aos museus de Arte Moderna e de Arte Contemporânea, ligado à USP.
Não será dona Yolanda a única "prima-dona" de volta na cidade. A editora A Girafa, que publica o livro, lançará também ainda em janeiro uma biografia de Veridiana Prado (a Dona Veridiana), do jornalista Luiz Felipe D'Avila.

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