São Paulo, sábado, 17 de janeiro de 2009

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Trecho

Anna estava sentada na varanda, abraçando a camiseta preta dele contra sua barriga, observando-o. Ela se inclinou e abriu a pequena mochila e desamarrou o conjunto de bandeiras budistas que comprara através de um catálogo de encomendas pelo correio. Vestiu a camiseta dele e olhou para os suportes que escoravam o telhado no ar sobre a porta. "Pode me ajudar, Coop? Preciso subir ali. Podemos prendê-las à calha, acima da porta." [...] Ele se agachou para que ela pudesse sentar-se sobre seus ombros. [...] Ele sentia a umidade dela contra a sua nuca, conforme ela se esticava e prendia uma das pontas da faixa de bandeiras, de modo que o restante da serpente flutuava no ar, livre da terra. Há cinco bandeiras, explicou ela. A amarela é a terra, a verde é a água, a vermelha é o fogo -aquela da qual precisamos escapar-, a branca é a nuvem e a azul é o céu, o espaço infinito ou a mente. Coop, não sei o que fazer.
Extraído de "Divisadero", de Michael Ondaatje


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