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MERCADO
Editora americana ameaça processar Pandora por dívidas não pagas
EUA e Brasil trocam farpas por HQ
DIEGO ASSIS
DA REPORTAGEM LOCAL
"Devo, não nego. Pago quando
puder." O dito popular que vem
sendo empregado pela brasileira
Pandora Books com relação às dívidas com seus credores -as editoras de quadrinhos americanos- está com os dias contados.
A editora Avatar, detentora dos
direitos de dois dos títulos publicados aqui pela Pandora -as minisséries "Estranho Beijo" e "Azul
Profundo"-, acusa a representante brasileira de não ter pago a
quantia acordada no contrato, firmado seis meses atrás.
Segundo William Christensen,
proprietário da Avatar, que detém, entre outros, os direitos sobre obras de Warren Ellis e Alan
Moore, a editora brasileira não estaria atendendo às reclamações.
"Eles assinaram um contrato
conosco e, contudo, nunca pagaram o que devem nem ao menos
respondem à nenhuma comunicação da minha parte", afirma
Christensen. "Eles não têm nenhum direito de publicar nada de
nosso material", reforça.
Procurado pela Folha, Maurício
Muniz, proprietário da Pandora,
disse que suspendeu a publicação
e venda das revistas da Avatar e
que, "como toda empresa brasileira, tem uma série de débitos
que serão saldados em breve".
Para Muniz, a falta de comunicação entre a Pandora e a editora
americana seria culpa do próprio
Christensen: "Não é que ele não
tenha o direito de reclamar.
Quando ele mandava e-mails, eu
respondia. Só parei quando começou a virar baixaria", diz. "Se
quiser mover uma ação contra a
Avatar, eu até posso."
Acusado de imprimir as revistas
da Pandora a partir de fotocópias
das edições americanas, Muniz
afirma que a prática é normal entre os editores brasileiros. "É
p&b, todo mundo faz assim."
"O trabalho deles ficou terrível.
Se tivessem nos pago, nós teríamos enviado os arquivos originais pelo computador", defende o
dono da Avatar.
Fundada há cerca de quatro
anos, a Pandora vinha sendo alvo
de críticas da comunidade de
quadrinhos desde que relançou
uma nova edição de "As Aventuras da Liga Extraordinária", que
tivera os direitos, no Brasil, transferidos para a editora Devir.
Nas bancas ao mesmo tempo
que o livro da Devir, a edição da
Pandora teria sido produzida a
partir dos encalhes da época em
que os direitos eram ainda dela,
segundo a versão oficial.
De acordo com reportagem publicada no site especializado Universo HQ (www.universohq.com), um dos primeiros a levantar a polêmica na internet, os encadernados da Pandora traziam
uma série de indícios de que teriam sido reimpressos e não simplesmente reaproveitados.
As editoras americanas Abstract Studios ("Estranhos no Paraíso") e Dark Horse Comics
("Sin City"), que também têm revistas publicadas no Brasil pela
Pandora, não responderam às
perguntas da Folha.
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