São Paulo, quarta-feira, 17 de fevereiro de 2010

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

60º FESTIVAL DE BERLIM

Ex-presos são tema de cinco filmes

Longas-metragens estão entre os 20 em competição e exploram histórias de homens que saem da cadeia

Divulgação
Em cena, Andreas Lust, protagonista de "The Robber", que reconta história real de criminoso austríaco viciado em roubar bancos

CRISTINA FIBE
ENVIADA ESPECIAL A BERLIM

Entre segunda e ontem, três produções apresentaram tramas com ponto de partida estranhamente similar -ex-prisioneiro solitário e mal-resolvido volta ao mundo do crime recém-saído da cadeia. Áustria, Noruega e Irã exploraram o assunto privilegiando a atuação do protagonista, quase o tempo todo em cena, e desenvolvendo as suas ações pós-cadeia -as relações, a dificuldade para conseguir trabalho, a (não) reabilitação.
Outros dois longas, bastante elogiados no final de semana, também têm a cadeia como principal tema: o dinamarquês "Submarino" e o romeno "If I Want to Whistle, I Whistle" (se eu quiser assobiar, eu assobio) Já são cinco a explorar o assunto entre os 12 filmes que competem pelo Urso de Ouro exibidos até ontem (20 no total).
Na segunda, o primeiro a repetir a dose foi o aplaudido "The Robber" (o ladrão), que enfileirou espectadores na porta do Berlinale Palast, mas que recebeu críticas negativas da imprensa especializada.
Baseado em livro de Martin Prinz, reconta história real de criminoso austríaco viciado em roubar bancos. O protagonista, interpretado com competência por Andreas Lust, passa os últimos dias na cadeia correndo em círculos. Em liberdade, vira recordista da maratona de Viena, mas parece querer mesmo é correr da polícia.
Segundo longa do alemão Benjamin Heisenberg, o drama acompanha a trajetória do ladrão avesso a pessoas e contato físico, que, no entanto, retoma a relação com o que parece ser um antigo amor. Ela (Franziska Weisz), moça de família, terá que lidar com o dilema de denunciar ou não o amante.
Menos intenso e mais engraçado, "A Somewhat Gentle Man" (um homem meio gentil), da Noruega, cria situações absurdas para o personagem de Stellan Skarsgard. O ator, que já fez filmes tão diversos quanto "Dogville" e "Mamma Mia!", recebeu o Urso de Prata em Berlim em 1982, por "The Simple-Minded Murderer".
O homem gentil dirigido por Hans Petter Moland volta às ruas nas primeiras cenas, após 12 anos preso por matar o amante da mulher. Com jeito bobalhão e humilde, aos poucos o personagem revela suas outras faces, que oscilam entre o pai que deseja retomar a relação com o filho e o assassino em busca de vingança.
Do Irã veio o mais fraco dos exibidos na competição da Berlinale até ontem -"The Hunter" (o caçador). O ex-prisioneiro do diretor Rafi Pitts colocou parte da plateia para dormir com suas andanças -primeiro, na volta para casa, ao reconstruir a vida; depois, ao perder a mulher em um tiroteio e vagar pela cidade em busca da filha.
Como o ladrão de bancos austríaco, o iraniano capricha nas sequências de fuga da polícia -numa delas, quase idêntica nos dois longas, um bando de guardas entra pelo mato atrás do protagonista. No caso iraniano, nada que tenha incomodado o sono do espectador.

A repórter CRISTINA FIBE está hospedada a convite do festival



Texto Anterior: Crítica/"Esquimó": Amor é ponto de fuga quando instabilidade sufoca o leitor
Próximo Texto: Berlinetas
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.