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TELEVISÃO
Telejornais correm atrás da notícia alternativa
ESTHER HAMBURGUER
especial para a Folha
Em busca de captar as expectativas dos telespectadores, os telejornais vêm procurando diversificar
sua pauta. Trazem assuntos menos
institucionais para temperar os
movimentos morosos da política.
Daí a profusão de reportagens sobre cidades e as inúmeras sequências de prestação de serviços.
A pauta dos telejornais pode variar bastante em torno de curiosidades bizarras e nem sempre inéditas. Uma só edição do ``Jornal
Nacional'' pode contemplar as lagartas venenosas que atacam uma
cidadezinha do Paraná e imagens
de elefantes em Sri Lanka.
Talvez na trilha do canal a cabo
``Discovery'', os animais tenham
apelo especial nesse novo conceito
de notícia. Na mesma noite, o ``TJ
Brasil'' exibiu uma reportagem sobre o sacrifício diário de 250 cães
pela carrocinha em São Paulo.
A busca da notícia alternativa
contempla uma preferência pela
exibição de experiências comunitárias que dão certo - um orfanato
financiado pelo BID, uma creche
para crianças com AIDS. A saúde
também ocupa lugar de destaque,
com o câncer de mama, de colo de
útero e as cesarianas.
Existe uma sede por notícias relevantes. Espectadores vidrados
em notícia têm sua programação
interrompida durante os minutos
que separam o ``TJ Brasil'' do
``Jornal Nacional''. O bom ``Jornal da Band'', de Paulo Henrique
Amorim, poderia se beneficiar da
ocupação desse espaço.
Há assuntos inevitáveis: a CPI
dos Precatórios, as conexões de PC
Farias com a máfia italiana, a visita
de Jacques Chirac ao Brasil. E ainda é no tratamento desses temas
clássicos que os telejornais demonstram maior competência.
O ``Jornal Nacional'' fez importantes revelações sobre os precatórios -em meio a uma ênfase reduzida ao caso PC e a varias notícias
curtas que transformam o conflito
na África do Sul em curiosidade.
Os telejornais estão se adaptando
ao mundo globalizado em que as
nações vão perdendo importância.
Procuram se tornar sensíveis à realidade multicultural e fragmentada. Pulverizam a notícia. Abrem
espaço para inúmeros depoimentos populares. O pedreiro poeta
encontra sua representação de
gente que faz em cadeia nacional.
Mas os casos são apresentados
como coisas exóticas. São destacados do contexto de transformações que conta com cidadãos dispostos a prestar colaboração.
Em uma semana em que muitos
espectadores se dedicaram a seguir
os trabalhos da CPI dos Títulos Públicos, transmitidos ao vivo pela
TV Senado (veja reportagem na
página 3), o descompasso das pautas impressiona.
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