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Rebeldia em quadrinhos
Almanaque em quadrinhos remonta história do rock a partir de discos e curiosidades dos palcos e bastidores
FERNANDA MENA
DA REPORTAGEM LOCAL
Aos 14 anos, em 1988, o cartunista francês Hervé Bourhis
começou a colecionar anotações sobre seus discos, músicas
e artistas favoritos, sem saber
exatamente o que faria com
aquilo. Em 2003, reunia tamanho volume de biografias, discografias e anedotas que decidiu transformar tudo em um livro, aliando a memória afetiva
ao talento para o desenho.
O resultado é lançado agora
no Brasil em "O Pequeno Livro
do Rock", um almanaque vasto
e divertido que remonta 60
anos do gênero que mudou o
comportamento jovem e parece ainda não ter encontrado limite no poder de reinvenção
nem um substituto à altura.
O livro tem o formato de um
disco de 45 rotações e organiza,
ano a ano, álbuns e fatos em desenhos que mudam de estilo
como se trocassem de faixa.
"No começo, meus desenhos
eram mais toscos. Página a página, desenvolvi estilos", disse
Bourhis, 36, à Folha.
Apaixonado pelo rock, para
ele foi difícil concentrar informações que poderiam rechear
um livro dez vezes maior.
"O rock salvou a minha vida.
Eu estava morrendo de tédio
quando entrei de cabeça na
música", lembra ele. "O que virou minha cabeça foi escutar
"Nevermind", do Nirvana."
História e anedotas
Logo de cara, Bourhis explora as origens do rock, de 1915 a
1950, quando o "rhythm and
blues" deixou de ser chamado
de "race music" pela "Billboard". Era sob esse título pejorativo que se reuniam as canções dançantes e agressivas cujas letras desfilavam as palavras
rock (agitar) e roll (rolar).
Está no livro também o registro de entrevista de Frank Sinatra ao "The New York Times",
em 1957, na qual chamava o
rock de expressão "brutal, pervertida e repugnante, maliciosa, devassa e, verdade seja dita,
francamente obscena".
No mesmo ano, o Quarrymen Skiffle Group toca na festa
de uma igreja, em Liverpool.
No palco estava John Lennon.
Na plateia, Paul McCartney.
E por aí vai. Em 1964, o guitarrista do Kinks inventa a distorção ao rasgar a membrana
do alto-falante de seu amplificador. Em 1969, "Space Oddity", de David Bowie, se torna
trilha sonora para a chegada do
homem à Lua. Em 1971, Alice
Cooper decapita frangos no
palco. Em 1973, Thom Yorke,
futuro líder do Radiohead, ganha o apelido de "salamandra",
aos 5 anos, por ter a pálpebra
esquerda paralisada.
A cada par de páginas, Bourhis cria listas de músicas e discos que representam o período.
No final do livro, reproduz
uma carta que recebeu de um
de seus primeiros leitores. Junto aos elogios, ele envia uma lista extensa dos artistas e fatos
"cruciais" que ficaram de fora.
O PEQUENO LIVRO DO ROCK
Autor: Hervé Bourhis
Tradução: Fabiana Caso e
Laurence Trille
Editora: Conrad
Quanto: R$ 44,90 (224 págs.)
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