São Paulo, sábado, 17 de abril de 2010

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Rebeldia em quadrinhos

Almanaque em quadrinhos remonta história do rock a partir de discos e curiosidades dos palcos e bastidores

FERNANDA MENA
DA REPORTAGEM LOCAL

Aos 14 anos, em 1988, o cartunista francês Hervé Bourhis começou a colecionar anotações sobre seus discos, músicas e artistas favoritos, sem saber exatamente o que faria com aquilo. Em 2003, reunia tamanho volume de biografias, discografias e anedotas que decidiu transformar tudo em um livro, aliando a memória afetiva ao talento para o desenho.
O resultado é lançado agora no Brasil em "O Pequeno Livro do Rock", um almanaque vasto e divertido que remonta 60 anos do gênero que mudou o comportamento jovem e parece ainda não ter encontrado limite no poder de reinvenção nem um substituto à altura.
O livro tem o formato de um disco de 45 rotações e organiza, ano a ano, álbuns e fatos em desenhos que mudam de estilo como se trocassem de faixa.
"No começo, meus desenhos eram mais toscos. Página a página, desenvolvi estilos", disse Bourhis, 36, à Folha. Apaixonado pelo rock, para ele foi difícil concentrar informações que poderiam rechear um livro dez vezes maior. "O rock salvou a minha vida.
Eu estava morrendo de tédio quando entrei de cabeça na música", lembra ele. "O que virou minha cabeça foi escutar "Nevermind", do Nirvana."

História e anedotas
Logo de cara, Bourhis explora as origens do rock, de 1915 a 1950, quando o "rhythm and blues" deixou de ser chamado de "race music" pela "Billboard". Era sob esse título pejorativo que se reuniam as canções dançantes e agressivas cujas letras desfilavam as palavras rock (agitar) e roll (rolar).
Está no livro também o registro de entrevista de Frank Sinatra ao "The New York Times", em 1957, na qual chamava o rock de expressão "brutal, pervertida e repugnante, maliciosa, devassa e, verdade seja dita, francamente obscena". No mesmo ano, o Quarrymen Skiffle Group toca na festa de uma igreja, em Liverpool. No palco estava John Lennon.
Na plateia, Paul McCartney. E por aí vai. Em 1964, o guitarrista do Kinks inventa a distorção ao rasgar a membrana do alto-falante de seu amplificador. Em 1969, "Space Oddity", de David Bowie, se torna trilha sonora para a chegada do homem à Lua. Em 1971, Alice Cooper decapita frangos no palco. Em 1973, Thom Yorke, futuro líder do Radiohead, ganha o apelido de "salamandra", aos 5 anos, por ter a pálpebra esquerda paralisada.
A cada par de páginas, Bourhis cria listas de músicas e discos que representam o período. No final do livro, reproduz uma carta que recebeu de um de seus primeiros leitores. Junto aos elogios, ele envia uma lista extensa dos artistas e fatos "cruciais" que ficaram de fora.


O PEQUENO LIVRO DO ROCK

Autor: Hervé Bourhis
Tradução: Fabiana Caso e Laurence Trille
Editora: Conrad
Quanto: R$ 44,90 (224 págs.)




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