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Amizade não
influencia
Palma, diz júri
SILVANA ARANTES
ENVIADA ESPECIAL A CANNES
O júri que decidirá o
vencedor da Palma de Ouro do 60º Festival de Cannes afastou a influência de
relações de amizade com
cineastas concorrentes na
decisão que será revelada
no próximo dia 27.
A questão surgiu sem
rodeios para a atriz chinesa Maggie Cheung, no encontro do júri com a imprensa, ontem.
Cheung é declaradamente amiga do concorrente Wong Kar-wai ("My
Blueberry Nights"), que a
dirigiu em "Amor à Flor da
Pele" e "2046".
"Julgar não é uma questão de amizade. O que interessa são os filmes. Já fui
julgada por muitos amigos
antes", disse a atriz, acrescentando que nem por isso
venceu as disputas.
O cineasta britânico
Stephen Frears minimizou o papel da bagagem de
conhecimentos cinematográficos na tarefa.
"O conhecimento não
ajuda. Os filmes de que
mais me lembro, desde a
infância, são os que eram
divertidos", disse.
O escritor turco Orhan
Pamuk afirmou que os jurados não devem levar em
conta em sua avaliação
trabalhos anteriores dos
concorrentes. "Estamos
aqui para ver os filmes e
dizer ao "papai" [Frears]:
"Este é o que mais gostei"."
Pamuk, Nobel de literatura no ano passado, comentou sua recusa sistemática em ceder os direitos de suas obras para versões no cinema. "Todos
queremos ver nossos livros transformados em
bons [dito com ênfase] filmes. Mas a regra "Hollywood lhe dá o dinheiro, você entrega o livro" não vale
comigo. Não consigo. Tenho certos escrúpulos."
No júri do festival, estão
ainda os atores Michel
Piccoli, Sarah Polley, Toni
Collette e Maria de Medeiros e os cineastas Marco
Bellocchio e Abderrahmane Sissako.
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