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Crítica
Para quem se esqueceu de Cantinflas
INÁCIO ARAUJO
CRÍTICO DA FOLHA
Na recente votação proposta
pela Ilustrada sobre os melhores comediantes de todos os
tempos, quem votou em Cantinflas? Eu não. Para falar a
verdade, não lembrei do nosso
gênio latino da comédia.
Lembramos dos americanos,
claro, de alguns franceses e fim
de conversa. Nem os italianos
tiveram chance na concorrência, talvez porque tenhamos o
hábito de achar que todo italiano é naturalmente engraçado.
O fato é que Totó recebeu um
voto e só. O mesmo que Leslie
Nielsen... Como depois responder quando dizem que não passamos de uns colonizados?
O fato é que Cantinflas, o
mexicano, não recebeu um mísero voto. O que significa que
todos os críticos deviam se
obrigar a sintonizar o TCM hoje, às 19h, para assistir a "A
Volta ao Mundo em 80 Dias".
O filme não é nem mexicano.
Verdade seja dita, se a eleição
fosse nos EUA, Cantinflas teria
mais chance. O certo é que "A
Volta..." começa por ser uma
grande aventura escrita por Julio Verne, onde Phileas Fogg
(David Niven) propõe-se a fazer o que o título diz. É uma
aposta, coisa de cavalheiros vitorianos, de quem não se limita
a contemplar o nascimento da
era contemporânea.
Nessa aventura o seguirá o
esperto Passepartout, vulgo
Cantinflas, que, além de criar
um contraste com a empáfia
dos cavalheiros ingleses, enche
a tela com sua simpatia e seu
humor. Cantinflas é, na história do humor mundial, um nome a reter, obrigatoriamente.
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