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PONTO DE VISTA
Não deu para ver os sapatos
DUILIO FERRONATO
COLUNISTA DA FOLHA
Como ficar nas primeiras filas nos desfiles da São Paulo
Fashion Week não é para qualquer um, então a maioria acaba
ficando depois da fila C ou em
pé atrás da última fila das arquibancadas. Desses lugares a
visibilidade é muito afetada,
mesmo quando os modelos
passam bem na sua frente, uma
ou outra cabeça atrapalha.
Os sapatos são os que mais
sofrem, não dá para ver de jeito
nenhum, principalmente se a
passarela for na altura do chão.
No desfile da Zoomp foi construída uma passarela de uns 30
cm, que permitia que quase todos vissem os pés dos modelos.
E a onda da Cidade Limpa
ainda não contaminou todos os
estilistas e cenógrafos e, mesmo com a iluminação toda voltada para as modelos, a confusão visual é berrante.
O foco fica muito perdido
olhando para o lado oposto da
sua cadeira e vendo uma centena de pessoas olhando para sua
direção. É claro que parte da
graça é justamente ficar olhando as pessoas do outro lado.
Isso deve acontecer porque
os estilistas são muito ocupadOs e nunca nem perceberam
que o tema da semana de moda
tem sido a sustentabilidade. As
quantidades de papel e plástico
que são distribuídas não combinam nadinha com o tema.
Fora das salas de desfiles o
investimento em cenografia é
muito mais visível. Logo na entrada uma parede branca construída de papelão, reutilizado
de edições passadas, deixa entrar uma luz suave do parque.
Subindo a rampa está o grande
atrativo que é o lounge das redes, muito apropriado para
uma soneca entre desfiles.
Os patrocinadores montaram lounges muito bem cuidados, e os mais interessantes
deixaram abertas as janelas
com vista para o parque. A
maioria é bem confortável e
amigável, ficando a antipatia só
para os lounges mais metidos.
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