São Paulo, terça-feira, 17 de junho de 2008

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Baby Tube

Canadense cria site de vídeos para crianças de 6 meses a 6 anos, em que os pais escolhem e controlam o conteúdo

MARCO AURÉLIO CANÔNICO
DA REPORTAGEM LOCAL

Se as crianças entram cada vez mais cedo na internet e os vídeos on-line são uma das coisas que mais as atraem, por que não garantir um ambiente controlado, uma espécie de "Baby Tube", para que elas naveguem sem ver nada inadequado?
Essa foi a idéia que levou o canadense Ron Ilan a lançar, no mês passado, o site de vídeos infantis Totlol (www.totlol.com), voltado a crianças de seis meses a seis anos de idade.
Pai de um garoto de dois anos e de uma menina de nove meses ("Ambos fãs ávidos de vídeos on-line", diz ele), Ilan criou o Totlol para entretê-los, mas acrescentou uma novidade em relação aos vários sites infantis existentes: deixou a moderação dos vídeos a cargo da comunidade de pais.
Funciona assim: o responsável pela criança se registra no site -como em qualquer outro de comunidade- e, após criar sua conta gratuitamente, passa a poder submeter os vídeos que acha pertinentes (qualquer um da galeria do YouTube, ou seja, um mundo de opções).
Os vídeos submetidos vão para uma fase de "exibição", onde ficam acessíveis para que os demais pais os qualifiquem e comentem sobre eles. Só os que são aprovados pela comunidade ficam acessíveis.
"O site existe há apenas quatro semanas e já tem uma comunidade de algumas milhares de pessoas. Os pais precisam ter em mente que, como há diferenças culturais e de gosto pessoal, nem sempre uma opinião individual coincide com a da maioria", diz Ilan.
Não que o conteúdo atualmente acessível no site deva preocupar os pais -a maior parte dos vídeos são animações, várias delas com divertidas canções infantis.
Também populares são os vídeos com personagens famosos, como os da Disney ou o pingüim de "Happy Feet" dançando a "Macarena".
Há ainda diversas animações de caráter educativo (a maioria em inglês, algumas em francês e espanhol; nada em português), que ensinam desde palavras e contagem básica até lições sobre preservação ambiental.

Ressalvas
Qualidade dos vídeos à parte, o estímulo às crianças a grudar no computador é visto com ressalvas.
"Esses meios de comunicação são mais para acalmar os pais e para ter uma ocupação para o filho, porque uma criança demanda muito, precisa ser olhada, entretida, especialmente quando está em apartamento", diz Magdalena Ramos, terapeuta de casal e família e professora da PUC-SP, autora do livro "E Agora, o que Fazer? A Difícil Arte de Criar os Filhos" (ed. Ágora).
"Se a criança estivesse onde deve estar, que é ao ar livre, na natureza, ela não se importaria com computador, televisão."
A terapeuta não condena a atividade por inteiro, mas recomenda muita parcimônia.
"Assiste por 15 minutos, depois faz outra coisa, se movimenta. A criança é um ser muito motor, precisa andar, pular, se arejar. Isso é o que as crianças não estão fazendo hoje em dia, porque criança se movimentando incomoda, então os pais as colocam em frente a alguma distração para deixá-las quietas. Mas não faz bem."
Em resposta a observações como essa, Ron Ilan diz que apenas inventou o site, mas que cada pai sabe o que é melhor para os seus filhos.
"Para mim, ser pai é dar oportunidades e orientação. Criei o Totlol para ajudar aqueles que querem mostrar vídeos on-line para suas crianças e não encontravam o conteúdo."


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