São Paulo, sábado, 17 de julho de 2004

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ERUDITO

Evento, que começa amanhã, recebe encenação de "Zaira", escrita no século 19 por Bernardo José de Souza Queiroz

Festival de Juiz de Fora terá ópera inédita

IRINEU FRANCO PERPETUO
FREE-LANCE PARA A FOLHA

A encenação de uma ópera brasileira inédita é o principal destaque do 15º Festival de Música Colonial Brasileira e Música Antiga, que o Centro Cultural Pró-Música promove de 18 de junho a 1º de agosto em Juiz de Fora, com eventos paralelos em Tiradentes, Ouro Preto e Rio de Janeiro.
Denominada "Zaira", e baseada na "Zaide", de Voltaire (que também inspirou uma criação inacabada de Mozart), a ópera foi escrita entre 1808 e 1815, por Bernardo José de Souza Queiroz (c. 1770-c. 1840-50), compositor cujo país de nascimento -Brasil ou Portugal- é motivo de controvérsia e do qual pouco se sabe, além do fato de ter sido bastante ativo na vida musical carioca de seu tempo, com obras cênicas como "O Juramento dos Numes".
Com dois atos, não há registros de que a ópera tenha sido encenada no período de vida de seu autor. A partitura, que se encontrava na Biblioteca da Ajuda, em Portugal, foi restaurada pelo musicólogo Rogério Budasz.
Com regência de Sérgio Dias, a récita terá lugar no Cine-Theatro Central, em Juiz de Fora, no dia 31, sob direção cênica de Walter Neiva e elenco destacando, no papel-título, a soprano coloratura catarinense Kalinka Damiani.
O festival começa neste domingo, às 20h, em Juiz de Fora, com concerto da Orquestra Sinfônica de Minas Gerais, regida por Marcelo Ramos. Ao todo, estão programadas cerca de 50 apresentações em teatros, igrejas, ruas e agências bancárias, reunindo artistas brasileiros, como Turíbio Santos (violão) e o grupo Anima, e estrangeiros, como o Volta Musica Antigua (México). Com 600 alunos, o evento será concomitante ao 6º Encontro de Musicologia Histórica.
Desde suas primeiras edições, o festival tem a tradição de lançar um CD. Se no começo as gravações tinham nível artístico precário, nos últimos anos sua qualidade técnica e musical evoluiu, graças à participação da Orquestra Barroca do Festival, regida por Luís Otávio Santos.
A orquestra toca na segunda e terá seu trabalho documentado em DVD. Neste ano, será registrado o "Laudate Pueri Dominum", do mineiro Ferreira Coutinho (1750-1820), ao lado de autores como Bach e Vivaldi.


15º FESTIVAL DE MÚSICA COLONIAL BRASILEIRA E MÚSICA ANTIGA.
Onde: Cine Theatro Central (pça. João Pessoa, s/nº, tel. 0/xx/32/3215-1400). Quando: de amanhã a 1º/8. Quanto: grátis. Inf.: www.promusica.org.br.



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