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LITERATURA
Espanha dá início, no próximo ano, a série de festividades pelo quarto centenário da obra de Miguel de Cervantes
Quixote é celebrado com rota turística em La Mancha
IVAN PADILLA
FREE-LANCE PARA A FOLHA, DE BARCELONA
A Espanha se prepara para homenagear um de seus maiores
ícones culturais. Será comemorado em 2005 o quarto centenário
da publicação da primeira parte
das aventuras de Dom Quixote de
la Mancha, o fidalgo que perde o
juízo e sai mundo afora imaginando ser um cavaleiro medieval.
Uma ampla programação das
festividades da obra do escritor
Miguel de Cervantes foi uma promessa de campanha do primeiro-ministro José Luis Rodriguez Zapatero, eleito em março. O governo montou, no mês passado, uma
comissão encarregada das comemorações, com representantes de
todos os países de língua hispana.
Entre as celebrações, destaca-se a
construção de uma rota ecoturística pela região de Castela La
Mancha, cenário de Dom Quixote, no centro da Espanha.
"A idéia é que essa rota venha a
ser tão conhecida como o Caminho de Santiago", disse à Folha
Mercedes Pastor, diretora da comissão. A via terá cerca de mil
quilômetros e passará pelos povoados de Campo de Criptana e
Muerta del Cuervo, onde estão os
famosos moinhos de vento que
Dom Quixote confunde com gigantes. Também está na rota a cidade de Argamasilla de Alba, onde diz a lenda que Cervantes começou a escrever a obra (outra
versão diz que foi na prisão de Sevilha). O projeto representa um
investimento de 40 milhões de euros, quantia que o governo pretende multiplicar com o turismo.
A obra de Cervantes é, ao mesmo tempo, uma paródia das novelas de cavaleiros e uma sátira da
transição da Idade Média para a
Idade Moderna. Num acesso de
loucura, Alonso Quijaldo, um nobre quase falido e aficionado por
livros de aventuras, incorpora
Dom Quixote. Escolhe como musa a atarracada camponesa Dulcinea del Toboso, monta o velho cavalo Rocinante e toma como escudeiro o baixote Sancho Pança.
Depois de enfrentar manadas
de ovelhas pensando que fossem
Exércitos, entre outros inimigos
irreais, de ser surrado, preso e
roubado, Dom Quixote volta para
casa, onde, doente e desiludido,
acaba morrendo. Publicado em
1605, o livro não foi concebido para ter continuação, mas o sucesso
imediato fez com que Cervantes
escrevesse uma segunda parte,
dez anos depois.
A história está bem delimitada
no tempo, mas a dualidade entre
pragmatismo e idealismo faz do
livro uma obra atemporal. "Trata-se de um livro vivo, com múltiplas
interpretações, e não significa necessariamente o triunfo da realidade sobre a loucura", afirmou
José Luis Quirós, coordenador do
congresso "O Quixote e o Pensamento Moderno", realizado em
junho, durante o Fórum das Culturas de Barcelona.
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