IRINEU FRANCO PERPETUO
FREE-LANCE PARA A FOLHA

São 2.400 páginas de música, divididas em seis volumes, incluindo 20 autores e mais de 50 obras: a Funarte lança, nesta semana, uma das mais ambiciosas coleções de partituras já editadas no Brasil.
"Música no Brasil - Séculos 18 e 19", organizado por Ricardo Bernardes, tem concerto de lançamento amanhã, no Mosteiro de São Bento. O Américantiga Coro e Orquestra de Câmera, regido por Bernardes, vão interpretar algumas obras da coleção. O coro de monges do mosteiro tem uma participação, entoando "Vésperas de Nossa Senhora" (1797), do maior compositor brasileiro do período, o padre José Maurício Nunes Garcia (1767-1830).
Garcia é o astro do primeiro volume da série, um calhamaço de 344 páginas, com a imponente "Missa de Nossa Senhora da Conceição" (1810). Os outros tomos trazem peças de contemporâneos como o austríaco Sigismund Neukomm (1778-1858), aluno de Haydn e professor de música de d. Pedro 1º, e Marcos Portugal (1762-1830), mais célebre compositor luso de seu tempo. Há ainda volumes dedicados à música em Pernambuco e Maranhão e a reedição de "Música Sacra Mineira".
"A Real Capela, que congregava os músicos da corte de d. João 6º, foi o grande centro de produção musical das Américas no período", diz Bernardes, justificando a ênfase na música dessa época. "A partir da música produzida na corte é que dá para entender a música das províncias."
Bernardes é um regente curitibano radicado em São Paulo de apenas 26 anos, com credenciais importantes na área de música antiga. Os livros são frutos de uma série de pesquisas feitas por ele nos anos de 2000 e 2001 em acervos brasileiros e europeus.