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ARTES PLÁSTICAS
Obras de portugueses acompanharão a carta de Caminha durante exposição pelo país, em abril
Caminha inspira artistas portugueses
CARLOS ALBERTO DE SOUZA
LÉO GERCHMANN
da Agência Folha, em Porto Alegre
Alguns dos principais artistas
plásticos contemporâneos portugueses se inspiraram na carta
de Pero Vaz de Caminha para
produzir um conjunto de obras
que acompanhará a carta, o primeiro documento sobre o Brasil, em exposição itinerante a ser
realizada no país a partir de
abril.
A carta, em que o escrivão
narrou para a Coroa portuguesa
as primeiras impressões sobre o
Brasil recém-descoberto, serviu
de inspiração para 11 artistas,
cujas obras, depois de expostas,
serão oferecidas por Portugal ao
governo brasileiro.
O objetivo do evento é marcar
os 500 anos do Descobrimento,
com o retorno da carta original
e a apresentação das obras.
Os artistas plásticos envolvidos
no projeto são José de Guimarães, Luís Noronha da Costa, Nikias Skapinakis, Fernando Lemos, Graça Morais, Júlio Resende, Álvaro Lapa, Costa Pinheiro,
João Vieira, Ana Vidigal e Júlio
Pomar.
De acordo com o curador-geral
da exposição "Brasil 500 Anos",
Nelson Aguilar, os autores são representativos das artes plásticas
portuguesas nos anos 50 e 60.
Nessa época, Portugal vivia sob o
governo fascista de António de
Oliveira Salazar.
"São os melhores pintores daquela época, com certeza. Representam muito bem as artes plásticas de Portugal", diz o curador.
Os artistas fizeram uma leitura
livre da carta de Caminha, na
qual há uma descrição da visão
portuguesa sobre o litoral brasileiro e sobre os índios aqui encontrados.
"O ponto de partida foi imaginar que há emissor e receptor. Pero Vaz pouco sabia do Brasil. Coloquei dois búzios como símbolos de comunicação. O resto é visão de oceano e bruma", disse o
artista plástico Fernando Lemos,
74, que vive no Brasil há 47 anos.
"Interessou-me mais o que a
carta representa em termos de escrita. Outros, talvez, tenham buscado imagens tropicais, mas vejo
o documento como uma crônica
de alguém que se deslumbrou
com uma descoberta, o que é
muito natural."
Lemos diz ter uma visão de luso-brasileiro, o que o diferencia
dos outros participantes da mostra, que vivem em Portugal.
"Por conhecer bem o Brasil, sei
que a carta é envolta em mistérios", afirmou o artista plástico,
que deixou Portugal no início dos
anos 50 e só pôde retornar após
74, quando houve a Revolução
dos Cravos, responsável pela redemocratização do país.
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