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Aragão chega ao seu 40º filme e critica mercado de cinema
da Reportagem Local
Se considerarmos que os 110
milhões de espectadores que Renato Aragão levou aos cinemas
forem todos crianças de 12 anos
(medindo 1,45 m) e os colocarmos deitados, um atrás do outro,
essa patota toda daria quatro voltas no planeta Terra.
É do alto dessa pilha de ingressos que Antonio Renato Aragão,
64, cearense de Sobral -"era pra
ter nascido na Suíça, mas tive que
nascer perto de minha mãe"-, se
sente à vontade para reclamar do
mercado cinematográfico brasileiro:
"Acho uma injustiça muito
grande a distribuição da bilheteria. O exibidor ganha 50%. Por
quê? Por que ele tem o cinema?
Ele não faz nada! O exibidor não
faz absolutamente nada. Um cara
que tem dinheiro monta uma casa de cinema e ganha a metade. O
distribuidor ganha 20%, 25%. O
produtor, que arca com o trabalho, as idéias, o risco, o orçamento, ganha 33%. Ainda tem que tirar a divulgação, que é caríssima.
Isso não está justo. Acho que nós
temos que repensar. Não tem de
partir só do governo. Cabe a nós,
produtores, repensarmos isso."
"Já passei de 120 milhões de espectadores (seus primeiros seis
filmes são da época em que ainda
não se contabilizava o público). O
exibidor tinha que me agradecer
muito. Ainda estou continuando
a dar a maior bilheteria pra ele",
afirmou Aragão, em entrevista
em sua casa, no Rio de Janeiro.
Críticas à parte, é verdade que o
humorista deu grandes bilheterias aos exibidores brasileiros.
Uma rápida olhada na lista dos
dez maiores públicos do cinema
nacional mostra uma
esmagadora maioria dos Trapalhões: são sete filmes.
Outros seis não aparecem na lista, mas foram vistos por mais de 4
milhões de pessoas. Cinco fitas estão acima dos 3 milhões. E nove
títulos superam os 2 milhões. Para
se ter uma idéia, "Central do Brasil" não chegou aos 2 milhões.
Para Aragão, não é apenas uma
vitória mercadológica. "Vim para
o Rio fazer cinema, não televisão.
Sempre foi o meu sonho. Quando
criança, eu ia 17, 19 vezes assistir
ao Oscarito. A fita ficava em cartaz um mês, eu ia o mês todo."
"E Oscarito fez "só" 36 filmes. Já
cheguei aos 40", sorri, orgulhoso.
(IF)
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