São Paulo, Sexta-feira, 17 de Dezembro de 1999


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Aragão chega ao seu 40º filme e critica mercado de cinema

da Reportagem Local

Se considerarmos que os 110 milhões de espectadores que Renato Aragão levou aos cinemas forem todos crianças de 12 anos (medindo 1,45 m) e os colocarmos deitados, um atrás do outro, essa patota toda daria quatro voltas no planeta Terra.
É do alto dessa pilha de ingressos que Antonio Renato Aragão, 64, cearense de Sobral -"era pra ter nascido na Suíça, mas tive que nascer perto de minha mãe"-, se sente à vontade para reclamar do mercado cinematográfico brasileiro:
"Acho uma injustiça muito grande a distribuição da bilheteria. O exibidor ganha 50%. Por quê? Por que ele tem o cinema? Ele não faz nada! O exibidor não faz absolutamente nada. Um cara que tem dinheiro monta uma casa de cinema e ganha a metade. O distribuidor ganha 20%, 25%. O produtor, que arca com o trabalho, as idéias, o risco, o orçamento, ganha 33%. Ainda tem que tirar a divulgação, que é caríssima. Isso não está justo. Acho que nós temos que repensar. Não tem de partir só do governo. Cabe a nós, produtores, repensarmos isso."
"Já passei de 120 milhões de espectadores (seus primeiros seis filmes são da época em que ainda não se contabilizava o público). O exibidor tinha que me agradecer muito. Ainda estou continuando a dar a maior bilheteria pra ele", afirmou Aragão, em entrevista em sua casa, no Rio de Janeiro.
Críticas à parte, é verdade que o humorista deu grandes bilheterias aos exibidores brasileiros. Uma rápida olhada na lista dos dez maiores públicos do cinema nacional mostra uma esmagadora maioria dos Trapalhões: são sete filmes.
Outros seis não aparecem na lista, mas foram vistos por mais de 4 milhões de pessoas. Cinco fitas estão acima dos 3 milhões. E nove títulos superam os 2 milhões. Para se ter uma idéia, "Central do Brasil" não chegou aos 2 milhões.
Para Aragão, não é apenas uma vitória mercadológica. "Vim para o Rio fazer cinema, não televisão. Sempre foi o meu sonho. Quando criança, eu ia 17, 19 vezes assistir ao Oscarito. A fita ficava em cartaz um mês, eu ia o mês todo."
"E Oscarito fez "só" 36 filmes. Já cheguei aos 40", sorri, orgulhoso.
(IF)



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