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"O TRAPALHÃO E A LUZ AZUL"
Décadas depois, Didi ainda faz rir
ANDRÉ BARCINSKI
especial para a Folha
"O Trapalhão e a Luz Azul" é o
40º longa estrelado por Renato
Aragão, e ele mostra, mais uma
vez, que sabe fazer filmes para a
criançada. Não é preciso inventar
muito: basta uma história fácil de
acompanhar, alguns cenários bacanas e os velhos trejeitos de Didi.
O resultado, embora não tão engraçado quanto "Os Trapalhões
nas Minas do Rei Salomão" ou
"Os Trapalhões no Planalto dos
Macacos", é um filme leve e divertido. Didi sente falta de Mussum e
Zacharias (quem não sente?), mas
consegue levar o filme nas costas.
A história começa quando David (André Segatti), um cantor de
rock, sonha com um planeta distante. No sonho, se vê aos beijos
com uma bela princesa (Christine
Fernandes). Acompanhado por
Didi, seu ajudante de palco, David
é levado magicamente a esse
mundo, onde encontra a princesa, os reis, e uma população aterrorizada pelo bandido Naval (Roberto Guilherme, o careca que há
anos atua com os Trapalhões).
Dedé Santana, o outro Trapalhão sobrevivente, interpreta um
traidor que sonha casar com a
princesa e paga o bando de Naval
para atacar a cidade.
O cenário, meio arenoso, lembra "Mad Max". A cidade é construída de metal e pano, e os bandidos atacam brandindo sabres e
metidos em roupas medievais. O
filme está longe de ser uma superprodução, mas tem cenários e figurinos caprichados.
O destaque é mesmo Didi. Ele
repete as mesmas caras e bocas de
35 anos atrás, e só o fato de ainda
conseguir arrancar risos com truques tão manjados é um atestado
de seu talento cômico. Didi envelheceu com dignidade. Aos 64
anos, Renato Aragão tirou muito
da picardia e da malandragem do
personagem. Quem se habituou a
vê-lo nas telas durante os anos 70,
quando encarnava o cearense assanhado, pode estranhar o Didi
bem comportado de hoje em dia.
O máximo a que se arrisca é dar
umas cantadas inocentes em
Anajuli (Adriana Esteves). Didi
está tão "família" que colocou no
filme até mesmo sua filha Livian,
de cinco meses de idade.
O problema de "O Trapalhão e a
Luz Azul" é o mesmo dos outros
filmes que Renato Aragão fez sem
Mussum e Zacharias: a falta de
outros comediantes de peso no
elenco. Dedé Santana sempre ajuda como o saco de pancadas de
Didi, mas o filme cai de ritmo em
certos trechos. O roteiro de Renato Aragão e Paulo Cursino tenta
injetar ânimo na história com alguns números musicais (Raimundos, O Rappa e SNZ) e uma
bizarra participação dos "Mosqueteiros" liderados pelo galã Rodrigo Santoro, mas os velhos parceiros realmente fazem falta.
Avaliação:
Filme: O Trapalhão e a Luz Azul
Diretores: Paulo Aragão e Alexandre
Boury
Produção: Brasil, 1999
Com: Renato Aragão e Dedé Santana
Quando: a partir de hoje, nos cines
Gemini 1, Butantã 3 e circuito
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