São Paulo, Sexta-feira, 17 de Dezembro de 1999


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"O TRAPALHÃO E A LUZ AZUL"
Décadas depois, Didi ainda faz rir

ANDRÉ BARCINSKI
especial para a Folha

"O Trapalhão e a Luz Azul" é o 40º longa estrelado por Renato Aragão, e ele mostra, mais uma vez, que sabe fazer filmes para a criançada. Não é preciso inventar muito: basta uma história fácil de acompanhar, alguns cenários bacanas e os velhos trejeitos de Didi.
O resultado, embora não tão engraçado quanto "Os Trapalhões nas Minas do Rei Salomão" ou "Os Trapalhões no Planalto dos Macacos", é um filme leve e divertido. Didi sente falta de Mussum e Zacharias (quem não sente?), mas consegue levar o filme nas costas.
A história começa quando David (André Segatti), um cantor de rock, sonha com um planeta distante. No sonho, se vê aos beijos com uma bela princesa (Christine Fernandes). Acompanhado por Didi, seu ajudante de palco, David é levado magicamente a esse mundo, onde encontra a princesa, os reis, e uma população aterrorizada pelo bandido Naval (Roberto Guilherme, o careca que há anos atua com os Trapalhões).
Dedé Santana, o outro Trapalhão sobrevivente, interpreta um traidor que sonha casar com a princesa e paga o bando de Naval para atacar a cidade.
O cenário, meio arenoso, lembra "Mad Max". A cidade é construída de metal e pano, e os bandidos atacam brandindo sabres e metidos em roupas medievais. O filme está longe de ser uma superprodução, mas tem cenários e figurinos caprichados.
O destaque é mesmo Didi. Ele repete as mesmas caras e bocas de 35 anos atrás, e só o fato de ainda conseguir arrancar risos com truques tão manjados é um atestado de seu talento cômico. Didi envelheceu com dignidade. Aos 64 anos, Renato Aragão tirou muito da picardia e da malandragem do personagem. Quem se habituou a vê-lo nas telas durante os anos 70, quando encarnava o cearense assanhado, pode estranhar o Didi bem comportado de hoje em dia.
O máximo a que se arrisca é dar umas cantadas inocentes em Anajuli (Adriana Esteves). Didi está tão "família" que colocou no filme até mesmo sua filha Livian, de cinco meses de idade.
O problema de "O Trapalhão e a Luz Azul" é o mesmo dos outros filmes que Renato Aragão fez sem Mussum e Zacharias: a falta de outros comediantes de peso no elenco. Dedé Santana sempre ajuda como o saco de pancadas de Didi, mas o filme cai de ritmo em certos trechos. O roteiro de Renato Aragão e Paulo Cursino tenta injetar ânimo na história com alguns números musicais (Raimundos, O Rappa e SNZ) e uma bizarra participação dos "Mosqueteiros" liderados pelo galã Rodrigo Santoro, mas os velhos parceiros realmente fazem falta.


Avaliação:   


Filme: O Trapalhão e a Luz Azul Diretores: Paulo Aragão e Alexandre Boury Produção: Brasil, 1999 Com: Renato Aragão e Dedé Santana Quando: a partir de hoje, nos cines Gemini 1, Butantã 3 e circuito

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