São Paulo, quinta-feira, 17 de dezembro de 2009

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Repertório brasileiro deve ser valorizado

DA REPORTAGEM LOCAL

Se Yan Pascal Tortelier estava confirmado na Osesp até 2011 (o contrato até 2010 já havia sido estendido por mais um ano), e continua existindo um comitê de busca (com Henry Fogel e Timothy Walker) que pode indicar um novo regente a partir de 2012, o que realmente mudou com a nova direção anunciada da Osesp?
Arthur Nestrovski quer facilitar o diálogo entre a orquestra, a Fundação Osesp e a Secretaria de Estado da Cultura. "No momento em que tem um diretor artístico, a programação deve conversar com a música de câmara, com os coros, com as atividades educativas, publicações etc.", diz o novo diretor." Ele ressalta que "75 mil jovens e crianças serão atendidos pelos programas educativos da Fundação Osesp (não só da Osesp) em 2010". Foram 60 mil em 2009.
Tortelier, por outro lado, deverá ter uma participação mais ativa. "Há uma mudança de natureza de envolvimento dele", diz Luiz Schwarcz, do conselho da Fundação Osesp. Perguntado se participaria da definição de programação, da seleção de solistas e músicos, Tortelier afirmou: "Claro que vou. Mas em colaboração com outros atores artísticos da Osesp. Obviamente, vou determinar meus próprios programas. Mas me esforçarei para tomar parte e ajudar no resto das decisões."
Alain Lompech defende a valorização da música brasileira, uma das marcas da era Neschling. "Pela posição atual do país, que ocupa um lugar legítimo de grande nação política e cultural, é imperativo que seja valorizado o repertório nacional e sul-americano. Tortelier vai ter muito trabalho, pois conhece pouco esse repertório. Isso é lógico, ele não foi educado musicalmente nessa área, desconhecida fora do Brasil -à exceção de Villa-Lobos. Mas um comitê de leitura não vai substituir o compromisso e a paixão por essa causa que deve mover o diretor musical."
Tortelier afirma que a música brasileira já está sendo bem cuidada, "não há razão para acreditar que não continuará assim". "Especialmente com a indicação de Arthur Nestrovski, que é brasileiro e "expert" na música de seu país", diz.
Nestrovski concorda com a valorização desse repertório. "Em 2011 a normalidade se estabelecerá, vai voltar a ter bastante música brasileira, encomendas na série principal, na música de câmara e no coro."
Segundo o novo diretor artístico, a descontinuidade na programação brasileira não é uma crítica válida. "Em 2010 haverá 13 peças [brasileiras] em vez 14. As obras que aparecem como novas foram encomendadas pelo Neschling, não havia razão de descontinuar o que estava bem feito. O número é compatível com o que era feito anteriormente. Continuaremos o que era bem feito."
Nestrovski diz que gostaria da voltar a programar peças gravadas em 2002 pela Osesp, de Cláudio Santoro, Villa-Lobos e Camargo Guarnieri. "Em 2011 também devemos ouvir Armando Albuquerque. Com certeza vamos ter Gilberto Mendes, que vai fazer 90 anos em 2012". Para a programação de 2011, que já está quase fechada mas será a primeira com a "sua mão", Nestrovski também garante peças do britânico Thomas Adès e do estoniano Arvo Pärt." (MS)


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