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Repertório brasileiro deve ser valorizado
DA REPORTAGEM LOCAL
Se Yan Pascal Tortelier estava confirmado na Osesp até
2011 (o contrato até 2010 já havia sido estendido por mais um
ano), e continua existindo um
comitê de busca (com Henry
Fogel e Timothy Walker) que
pode indicar um novo regente a
partir de 2012, o que realmente
mudou com a nova direção
anunciada da Osesp?
Arthur Nestrovski quer facilitar o diálogo entre a orquestra, a Fundação Osesp e a Secretaria de Estado da Cultura.
"No momento em que tem um
diretor artístico, a programação deve conversar com a música de câmara, com os coros,
com as atividades educativas,
publicações etc.", diz o novo diretor." Ele ressalta que "75 mil
jovens e crianças serão atendidos pelos programas educativos da Fundação Osesp (não só
da Osesp) em 2010". Foram 60
mil em 2009.
Tortelier, por outro lado, deverá ter uma participação mais
ativa. "Há uma mudança de natureza de envolvimento dele",
diz Luiz Schwarcz, do conselho
da Fundação Osesp. Perguntado se participaria da definição
de programação, da seleção de
solistas e músicos, Tortelier
afirmou: "Claro que vou. Mas
em colaboração com outros
atores artísticos da Osesp. Obviamente, vou determinar
meus próprios programas. Mas
me esforçarei para tomar parte
e ajudar no resto das decisões."
Alain Lompech defende a valorização da música brasileira,
uma das marcas da era Neschling. "Pela posição atual do
país, que ocupa um lugar legítimo de grande nação política e
cultural, é imperativo que seja
valorizado o repertório nacional e sul-americano. Tortelier
vai ter muito trabalho, pois conhece pouco esse repertório.
Isso é lógico, ele não foi educado musicalmente nessa área,
desconhecida fora do Brasil -à
exceção de Villa-Lobos. Mas
um comitê de leitura não vai
substituir o compromisso e a
paixão por essa causa que deve
mover o diretor musical."
Tortelier afirma que a música brasileira já está sendo bem
cuidada, "não há razão para
acreditar que não continuará
assim". "Especialmente com a
indicação de Arthur Nestrovski, que é brasileiro e "expert" na
música de seu país", diz.
Nestrovski concorda com a
valorização desse repertório.
"Em 2011 a normalidade se estabelecerá, vai voltar a ter bastante música brasileira, encomendas na série principal, na
música de câmara e no coro."
Segundo o novo diretor artístico, a descontinuidade na programação brasileira não é uma
crítica válida. "Em 2010 haverá
13 peças [brasileiras] em vez 14.
As obras que aparecem como
novas foram encomendadas
pelo Neschling, não havia razão
de descontinuar o que estava
bem feito. O número é compatível com o que era feito anteriormente. Continuaremos o
que era bem feito."
Nestrovski diz que gostaria
da voltar a programar peças
gravadas em 2002 pela Osesp,
de Cláudio Santoro, Villa-Lobos e Camargo Guarnieri. "Em
2011 também devemos ouvir
Armando Albuquerque. Com
certeza vamos ter Gilberto
Mendes, que vai fazer 90 anos
em 2012". Para a programação
de 2011, que já está quase fechada mas será a primeira com a
"sua mão", Nestrovski também
garante peças do britânico
Thomas Adès e do estoniano
Arvo Pärt."
(MS)
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