|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
EXPOSIÇÃO
Artistas contemporâneas da Ásia estão em evento no Sesc Pinheiros
Mostra rompe fronteiras da Índia
DA REPORTAGEM LOCAL
O título da mostra "Índia Contemporânea", que acontece de
hoje a domingo no Sesc Pinheiros, em São Paulo, despista. Na
verdade, o projeto, que reúne artistas de nacionalidades diversas,
pressupõe, desde sua origem, o
rompimento das fronteiras geográficas. Mais que a Índia, contribuem com as 46 obras da exposição artistas do Paquistão, Sri Lanka, Cingapura, Coréia do Sul, Japão, Irã, Indonésia, entre outros.
Parceria entre o brasileiro Ricardo Muniz e os curadores indianos Tushar Joag, Mamta Murthy,
Shilpa Gupta e Madhurse Dutta, o
projeto nasceu de conversas entre
eles a partir da participação do
grupo paulistano Instituto no Fórum Social Mundial de Mumbai,
no ano passado.
"Apesar de caminhos e realidades diferentes, os artistas indianos
têm muitas semelhanças com a
arte contemporânea que é produzida no Brasil", afirma Muniz, 45.
"São dois países periféricos, mas
que encontram nos coletivos de
criação uma nova forma de mixar
a vida real com os seus trabalhos."
Esqueça, portanto, a idéia de
uma Índia -e arredores- folclórica. No lugar de incensos,
mantras budistas e esoterismos
afins, a exposição retrata uma
produção de forte teor político e
caminhando lado a lado com as
evoluções tecnológicas de qualquer país do primeiro mundo.
"As tecnologias de telecomunicação e internet na Índia são
avançadíssimas. Grande parte
dos 0800 dos EUA, por exemplo,
está localizada em território indiano", explica Muniz.
Os trabalhos trazidos a São Paulo estão divididos em três módulos. "Índia - Imagens Contemporâneas" é uma mostra de vídeos
que questionam a visão estereotipada da Índia apresentando imagens pouco conhecidas sobre a
cultura e a juventude indiana.
Entre os vídeos estão a animação experimental "Stains", de Nalini Malani, e "Blame", documentação audiovisual das performances de Shilpa Gupta na fronteira
da Índia com o Paquistão.
Com um frasco de "sangue" que
a artista distribuiu em galerias e
estações da conflituosa região
fronteiriça, vinha uma bula com o
seguinte texto: "Culpando você,
isso me faz sentir muito bem. Então eu o culpo. Porque você não
pode controlar sua religião e sua
nacionalidade. Eu quero culpar
você. Isso faz com que eu me sinta
muito bem".
A artista e curadora do segmento "Fronteiras da Ásia", com instalações, vídeos-arte e fotografias
de artistas de dez países, é uma
das convidadas da organização
do evento para vir ao Brasil.
A questão muçulmana é um dos
destaques desse segmento. Além
da exposição de fotos "Irracional", de Rula Halwani, serão exibidos dois trechos do raro "The
Bachar Tapes", parceria entre o
coletivo Atlas Group e Souheil Bachar. O documentário traz depoimentos do único árabe seqüestrado com um grupo de ocidentais
no Líbano, nos anos 80. Alguns
trechos da obra continuam inéditos fora do Oriente Médio.
Por fim, o módulo "Fome@Globalização", sob curadoria do também convidado Tushar Joag,
apresenta o resultado de uma peregrinação de um ano e meio em
que fotógrafos, cineastas, artistas
plásticos, advogados e economistas oferecem suas visões sobre um
dos mais graves problemas da Índia atual: a fome, que atinge mais
de 300 milhões de indianos.
(DA)
Texto Anterior: Eletrônica: Hawtin e Villalobos levam 3.500 cariocas ao "delírio" Próximo Texto: Cinema: Globo de Ouro pulveriza sua premiação Índice
|