São Paulo, terça-feira, 18 de janeiro de 2005

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EXPOSIÇÃO

Artistas contemporâneas da Ásia estão em evento no Sesc Pinheiros

Mostra rompe fronteiras da Índia

DA REPORTAGEM LOCAL

O título da mostra "Índia Contemporânea", que acontece de hoje a domingo no Sesc Pinheiros, em São Paulo, despista. Na verdade, o projeto, que reúne artistas de nacionalidades diversas, pressupõe, desde sua origem, o rompimento das fronteiras geográficas. Mais que a Índia, contribuem com as 46 obras da exposição artistas do Paquistão, Sri Lanka, Cingapura, Coréia do Sul, Japão, Irã, Indonésia, entre outros.
Parceria entre o brasileiro Ricardo Muniz e os curadores indianos Tushar Joag, Mamta Murthy, Shilpa Gupta e Madhurse Dutta, o projeto nasceu de conversas entre eles a partir da participação do grupo paulistano Instituto no Fórum Social Mundial de Mumbai, no ano passado.
"Apesar de caminhos e realidades diferentes, os artistas indianos têm muitas semelhanças com a arte contemporânea que é produzida no Brasil", afirma Muniz, 45. "São dois países periféricos, mas que encontram nos coletivos de criação uma nova forma de mixar a vida real com os seus trabalhos."
Esqueça, portanto, a idéia de uma Índia -e arredores- folclórica. No lugar de incensos, mantras budistas e esoterismos afins, a exposição retrata uma produção de forte teor político e caminhando lado a lado com as evoluções tecnológicas de qualquer país do primeiro mundo.
"As tecnologias de telecomunicação e internet na Índia são avançadíssimas. Grande parte dos 0800 dos EUA, por exemplo, está localizada em território indiano", explica Muniz.
Os trabalhos trazidos a São Paulo estão divididos em três módulos. "Índia - Imagens Contemporâneas" é uma mostra de vídeos que questionam a visão estereotipada da Índia apresentando imagens pouco conhecidas sobre a cultura e a juventude indiana.
Entre os vídeos estão a animação experimental "Stains", de Nalini Malani, e "Blame", documentação audiovisual das performances de Shilpa Gupta na fronteira da Índia com o Paquistão.
Com um frasco de "sangue" que a artista distribuiu em galerias e estações da conflituosa região fronteiriça, vinha uma bula com o seguinte texto: "Culpando você, isso me faz sentir muito bem. Então eu o culpo. Porque você não pode controlar sua religião e sua nacionalidade. Eu quero culpar você. Isso faz com que eu me sinta muito bem".
A artista e curadora do segmento "Fronteiras da Ásia", com instalações, vídeos-arte e fotografias de artistas de dez países, é uma das convidadas da organização do evento para vir ao Brasil.
A questão muçulmana é um dos destaques desse segmento. Além da exposição de fotos "Irracional", de Rula Halwani, serão exibidos dois trechos do raro "The Bachar Tapes", parceria entre o coletivo Atlas Group e Souheil Bachar. O documentário traz depoimentos do único árabe seqüestrado com um grupo de ocidentais no Líbano, nos anos 80. Alguns trechos da obra continuam inéditos fora do Oriente Médio.
Por fim, o módulo "Fome@Globalização", sob curadoria do também convidado Tushar Joag, apresenta o resultado de uma peregrinação de um ano e meio em que fotógrafos, cineastas, artistas plásticos, advogados e economistas oferecem suas visões sobre um dos mais graves problemas da Índia atual: a fome, que atinge mais de 300 milhões de indianos. (DA)


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