São Paulo, sexta-feira, 18 de fevereiro de 2005

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Tsai Ming-liang aborda o sexo

DO ENVIADO A BERLIM

A mais radical das experiências visuais, ao menos até agora, foi vista ontem, na nova produção do cineasta malaio Tsai Ming-liang, "The Wayward Cloud" (a nuvem instável), ambientada em Taiwan, num período de racionamento de água. O filme já está cotado como um dos mais fortes concorrentes para o Urso de Ouro, que será anunciado amanhã.
Com diversos números musicais, que lembram produções dos anos 50, o filme quase não tem falas e lembra, em muito, o universo do artista norte-americano Matthew Barney, com seu ciclo "Cremaster", uma fábula sobre o corpo humano. "Meus filmes não são feitos para contar histórias, procuro sempre olhar para o corpo. Podemos dizer que ele é o que temos de mais belo e de mais feio", disse Ming-liang, em Berlim.
Sua nova produção aborda o sexo, usando, inclusive, atores japoneses de vídeos pornográficos, o que traz imagens bastante realistas, com abundância de esperma na tela. Numa das primeiras cenas, casal faz sexo usando uma melancia como objeto erótico.
"Há alguns anos, houve falta de água em Taiwan, e as pessoas usavam melancias como substituto, o que fez com que muita gente engordasse por conta disso. Em meu filme, o alimento e a água, e a falta deles, são metáforas para as emoções que também estão presentes no corpo humano. A falta de água pode representar também a falta de amor, mas, na verdade, não gosto de explicar meus filmes, pois torna tudo muito simples", afirmou ainda o cineasta. (FCY)


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