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POLÍTICA CULTURAL
Emanoel Araújo é pressionado em evento
Secretário pede tempo a artistas e diz que não é Super-Homem
VALMIR SANTOS
DA REPORTAGEM LOCAL
"Vim aqui para aprender, para
ouvir", disse Emanoel Araújo ao
abrir o debate sobre formas de financiamento à cultura, na noite
de anteontem, em São Paulo. Cerca de 90 minutos depois, porém, o
secretário municipal da Cultura
chegou a gritar para se fazer ouvir
diante dos 400 artistas de teatro,
dança, circo, música, cinema e artes visuais que lotaram a galeria
Olido, com capacidade para 300
pessoas. Muitos ficaram em pé e
saíram "tristes, pessimistas" diante de suas declarações, como afirmou o representante da Apetesp,
a associação dos produtores de
teatro do Estado, Paulo Pelico.
"Tenha calma. Tivemos apenas
um mês de trabalho. Pensa que
sou o quê? Super-Homem, Homem-Aranha?", respondeu Araújo a Pelico. O secretário irritou-se
com a cobrança de parte da platéia dos pagamentos atrasados
dos corpos estáveis do Teatro
Municipal (cerca de 280 artistas,
entre dançarinos, músicos e outros, aos quais Araújo se referiu
várias vezes como "corpos instáveis") e dos prestadores de serviço
(um primeiro levantamento estimou as dívidas em R$ 16 mi).
"Não sou secretário das Finanças nem do Tesouro. Eu, inclusive, não devo a ninguém [referindo-se a compromissos da gestão
anterior]. Se isso não agrada a vocês, não posso fazer nada. Se querem uma discussão democrática,
têm que entender os dois lados."
O secretário se queixou de que o
encontro "pouco" tratou das formas de financiamento. "Se vocês
querem discutir a corporação de
ofício, não é aqui. Aqui se está envolvendo o governo numa discussão sobre leis de incentivo. Não
adianta dizer que estamos devendo. Acho legítimas todas as considerações, mas não adianta me
olharem como inimigo."
A Folha apurou que a assessoria
de Araújo, apesar de anfitrião,
disse que o secretário "foi colocado numa armadilha" pelos organizadores do debate, o movimento Arte contra a Barbárie e a Cooperativa Paulista de Teatro.
Além de Araújo e Pelico, estavam à mesa o diretor regional do
Sesc, Danilo Santos de Miranda, o
consultor de patrocínio Yacoff
Sarkovas, o diretor Luiz Carlos
Moreira (Engenho Teatral) e o
dramaturgo Aimar Labaki.
Várias intervenções da mesa e
da platéia, ainda que breves, pontuaram questões como as "raquíticas" dotações da cultura nos Orçamentos municipal, estadual e
federal; a distorção do dinheiro
público pela iniciativa privada ("É
preciso regulamentação para não
confundir marketing como ação
cultural", disse Miranda); o
"achatamento de cachês"; a programação dos equipamentos dos
CEUs e a necessidade de mais políticas públicas, nas formas de
programas ou fundos.
Teatro Municipal
Emanoel Araújo faz uma reunião hoje com o secretário adjunto, Francisco Almeida Ribeiro, integrantes dos Patronos do Municipal e críticos de música para tentar definir o nome do novo diretor artístico do Teatro Municipal.
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