São Paulo, sexta-feira, 18 de fevereiro de 2005

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CDS

MÚSICA

Após "Destroy Rock'n'Roll", escocês foi considerado "salvador" da dance music

Novo nome da eletrônica, Mylo participa do Skol Beats

DO COLUNISTA DA FOLHA

Numa velocidade impressionante, Myles MacInnes, que nunca tinha discotecado "a sério" até setembro do ano passado, virou o nome mais quente da música eletrônica e o destruidor do rock.
Ph.D. em filosofia até 2001, produtor de música na escondida ilha de Skye até 2003, o escocês Mylo, 25, acabou 2004 como o responsável pela "ressurreição" da dance music, graças ao seu festejado álbum "Destroy Rock'n'Roll".
E agora em 2005, o rapaz é nome certo para os gigantes festivais europeus. Mais: foi confirmado oficialmente como grande atração do Skol Beats, o principal festival de música eletrônica do Brasil, que acontece no dia 16 de abril, no Anhembi, em São Paulo.
Adotado por DJs como Fatboy Slim e 2ManyDJs, o jovem Mylo não é anti-rock, apesar do nome do seu CD e de sua principal música. Pelo contrário. Mylo, que já remixou de Kylie Minogue a The Killers, é querido de programas de rock das rádios inglesas.
Considerado herdeiro do duo Daft Punk, Mylo, em seu CD, sampleia uma voz de um pregador americano dos anos 80 lendo a lista de pecadores cujas músicas e vídeos devem ser destruídos por más influências às crianças. Estão "condenados" Michael Jackson, Prince, Bruce Springsteen, Madonna, Rolling Stones e muito mais. De Londres, Mylo conversou com a Folha, por e-mail. (LÚCIO RIBEIRO)

 

Folha - Até aparecer na cena eletrônica, você vivia escondido na ilha de Skye, na Escócia. Qual é sua trajetória do pacato lugar para a agitação das pistas?
Mylo -
Eu vivi em Los Angeles por um tempo e voltei à Escócia. Lá tudo é muito bonito, mas frio e escuro. Ou seja: um ótimo lugar para se enfiar em um estúdio para trabalhar, porque não há muito o que fazer. Agora divido meu tempo entre Skye e Londres.

Folha - O quanto você quer destruir o rock?
Mylo -
Isso tudo é uma brincadeira, claro. Para mim "Destroy Rock'n'Roll" era um óbvio nome para a música que sampleou a oratória do pregador americano contra a manifestação "do mal", que era o rock. O mesmo título seria ótimo para o álbum, para chamar a atenção para ele.

Folha - Seu álbum foi lançado em 2004, na Inglaterra, por sua gravadora. Agora, com o lançamento do single e com a segunda turnê, seu nome apareceu para valer na cena. Descreva como é seu álbum e se ele tem chance de chegar ao Brasil?
Mylo -
Eu descreveria meu disco como "fucked-up pop music". Você pode publicar isso? Pop music estragada. É dance music para ouvir na cama ou enquanto lava sua louça. Estamos [ele e a gravadora Breastfed] analisando propostas para lançar o disco nos EUA. Temos alguns pedidos. Adoraria que o disco fosse editado no Brasil. É só nos procurar.

Folha - Uma outra música do disco, hino de pista, é "Drop the Pressure". Muita gente quis remixá-la e ela acabou servindo para comerciais, trilhas. Teve algum lugar esquisito onde você a ouviu?
Mylo -
Amigos me disseram que ela serviu de fundo sonoro para um documentário sobre adolescentes transexuais, que passou na TV em janeiro.

Folha - Você já remixou Kylie Minogue e The Killers. Qual é a sua próxima assinatura?
Mylo -
Eu vou fazer um remix para "Lift me Up", o primeiro single do novo álbum do Moby.

Folha - Já há quem o chame de "salvador da música eletrônica". Como você lida com isso?
Mylo -
Eu nunca me senti famoso nem fui reconhecido em nenhum lugar. Mas é verdade que minha vida mudou. Já estou no ritmo "sempre viajar, nunca dormir". Mas, fama mesmo, zero.


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