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CINEMA
Filme do diretor de "Central do Brasil" e Daniela Thomas traz no elenco Fernanda Torres e Carlos Vereza
Berlim vê hoje 'O Primeiro Dia', de Salles
PAULA DIEHL
especial para a Folha, em Berlim
Estréia hoje em Berlim o novo filme do diretor brasileiro Walter Salles. Depois do Urso de Ouro de
"Central do Brasil", o cineasta traz
ao Festival de Cinema de Berlim
"O Primeiro Dia".
O filme, literalmente traduzido
em alemão para "Der Erste Tag",
será exibido na mostra paralela do
ciclo Panorama.
Mais uma vez, Walter Salles leva
às telas uma história emotiva com
elenco forte. O filme conta com a
participação de atores como Fernanda Torres, Luís Carlos Vasconcellos e Carlos Vereza.
A diferença é que, dessa vez,
Walter Salles está acompanhado.
"O Primeiro Dia" é dirigido também por Daniela Thomas.
Cerca de dois terços do filme são
fruto de uma co-produção da VideoFilmes (empresa do diretor) e
da Riofilme com a grande cadeia
de televisão européia Arte.
Mas, apesar de um grande grupo
envolvido na produção, os diretores também enfrentaram seus contratempos.
Por pouco o público da Berlinale
(como é chamado o Festival de
Berlim) não fica privado do último
trabalho de Walter Salles.
Segundo o organizador do Panorama, Willand Speck, o filme estava quase pronto e já constava da
programação oficial. Mas o material enviado a Los Angeles para
acabamento final sofreu uma danificação. "Tivemos de apagar o título do programa e no lugar ficou
uma mancha branca", comenta
Speck.
Walter Salles, que, segundo Willand Speck, "criou laços de amizade com muitos dos organizadores
do festival", acabou interrompendo todas as suas viagens para finalizar o filme a tempo. E, como não
só no Brasil se dá um jeitinho, "O
Primeiro Dia" acabou sendo encaixado no Panorama em uma sessão extra.
"O Primeiro Dia" descreve a história de um presidiário que, para
conseguir ser libertado, recebe como missão assassinar o seu melhor amigo.
Após cumprir sua tarefa, ele encontra uma moça depressiva, que
acaba de ser abandonada por seu
grande amor, e a salva do suicídio.
Os dois se envolvem em uma história amorosa e de suspense, centrada na passagem para o ano
2000.
Mas Walter Salles não está à
procura de um enredo futurológico. Segundo o diretor, o teor de "O
Primeiro Dia" é mais uma alusão à
realidade sociológica, ao imaginário brasileiro, do que uma ficção
científica.
Para Salles, a mudança de milênio tem um valor simbólico. No
inconsciente coletivo brasileiro, o
futuro desempenha um importante papel e representa uma solução para os problemas enfrentados no presente.
"As pessoas estão acostumadas
a ouvir na escola que o Brasil é o
país do futuro", afirma ele. "Na
verdade, a chegada do terceiro milênio nos confronta com o país
prometido."
Expectativa
As expectativas dos organizadores do festival de Berlim são bastante grandes. E, se depender do
renome do diretor, o filme certamente terá uma boa aceitação no
evento.
Até a semana passada, "Central
do Brasil" ainda estava sendo exibido nos principais cinemas berlinenses com enorme sucesso de bilheteria e crítica.
A atriz Fernanda Montenegro já
é conhecida do público alemão, e
o cinema brasileiro começa a consolidar sua imagem no país.
Nesse contexto, Salles terá de satisfazer a expectativa do público e
do júri que o aplaudiram no ano
passado.
Hoje, excepcionalmente, não é publicada a coluna de
Eduardo Giannetti.
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