São Paulo, quinta-feira, 18 de março de 2010

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Depois de "despedida", B.B. King volta ao Brasil

Pilar do blues, guitarrista americano toca no país após ameçar aposentadoria

B.B. King faz show hoje, amanhã e sábado em SP; apresentações devem ser pautadas por "One Kind Favor", lançado em 2008

VINICIUS MESQUITA
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

B.B. King retorna ao Brasil para uma nova turnê, maliciosamente chamada "One More Time" (ou mais uma vez). Afinal, além de ser o músico fundamental para compreender o blues entre os anos 1940 e os dias de hoje, o guitarrista norte-americano também é um sujeito espirituoso.
Entre novembro e dezembro de 2006, B.B. King veio ao país apoiado em sua campanha pela aposentadoria. Para os fãs, a notícia provocava calafrios, e eles se perguntavam, espantados: "Será verdade? B.B. King, nos palcos, nunca mais?". Não era bem assim. Zombar da própria despedida parecia fortificar o lendário guitarrista. Oficialmente, aqueles eram definidos como shows derradeiros, mas, entre um comentário e outro, B.B. King gargalhava e deixava escapar: "Não sei... Quem pode dizer o que vai acontecer no futuro?".
E este "futuro" surpreende até o maior dos otimistas. Para a temporada brasileira 2010, B.B. King reservou cinco datas: esteve no Rio de Janeiro na terça, apresenta-se em São Paulo hoje, amanhã e sábado -há ingressos apenas para o show de hoje, a R$ 950 (leia ao lado)- e conclui em Brasília, dia 22. A turnê sul-americana ainda prevê espetáculos em Buenos Aires e Santiago. Mas a correria não acaba. Entre abril e novembro, o músico já tem 24 shows agendados: serão 15 espalhados pelos Estados Unidos, oito no Canadá e um no Marrocos. A aposentadoria está distante.
Fazer piadas faz parte do espetáculo de B.B. King. Aos 84 anos (em 16 de setembro, completa 85), frágil e sem o fôlego de 20 anos atrás, ele criou artifícios para não perder o encanto. Entre um dedilhado e outro, costuma parar de tocar para contar histórias dos velhos tempos. Brinca com algum felizardo que esteja próximo ao palco e sorri, sorri muito. O roteiro funciona, mas compromete pelo volume. Entre gracejos e bate-papos, não sobra tempo para muitas canções.
O guitarrista não fala sobre o repertório, mas as músicas do álbum "One Kind Favor", gravado em 2008 (vencedor do Grammy de melhor álbum de blues tradicional), deve pautar a base de seus shows.
É com este CD que B.B. King rejuvenesceu a ponto de encontrar inspiração para se jogar na estrada. O guitarrista apostou em 12 peças dedicadas ao blues de raiz, sem espaço para as fusões, e se entregou a clássicos nos quais jamais tinha colocado a mão. Foi uma oportunidade para homenagear, por exemplo, os dois ídolos mais importantes do início de sua carreira: Lonnie Johnson (nas composições "My Love Is Down", "Backwater Blues" e "Tomorrow Night") e Blind Lemon Jefferson (em "Se That My Grave Is Kept Clean").


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