São Paulo, quarta-feira, 18 de maio de 2011

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice | Comunicar Erros

"Le Havre" vê refugiado com olhar fabular

DA ENVIADA A CANNES

"Le Havre", o estranho e sedutor filme de Aki Kaurismäki, foi, até agora, entre os títulos em competição, o que mais aplausos arrancou após a projeção para a imprensa.
Kaurismäki retoma os personagens de aparência esquisita e de fala breve que conhecemos em "O Homem sem Passado" (2002).
Para apresentar o filme, o diretor finlandês preparou uma "nota de intenções".
"O cinema europeu não trata o suficiente do agravamento contínuo da crise econômica, política e, sobretudo, moral causada pela questão não resolvida dos refugiados", afirmou.
"Não tenho resposta para esse problema, mas considerei importante tratar do tema num filme que, sob todos os pontos de vista, é irrealista."
Irrealista? Talvez não. "Le Havre" enquadra a realidade com um olhar fabular e transforma pessoas reais em tipos que remetem a ilustrações de livros infantis, com seus cabelos incomuns e suas expressões estáticas.
O filme se passa na cidade de Havre, uma Memphis francesa. É ali que um menino negro, refugiado da África, desembarca por acidente.
"Aqui não é Londres?", pergunta, ao dar de cara com um ex-escritor, atualmente engraxate. Em "La Havre", a gente ri dos diálogos que ouve, mas ri, sobretudo, porque a "mise-en-scène" é perfeita.
De um abacaxi colocado sobre a mesa de um bar, Kaurismäki é capaz de forjar uma cena impagável. (APS)


Texto Anterior: Promotor deve acompanhar investigação de fraude no Ecad
Próximo Texto: Mais latina, Flip terá neste ano sua edição menos anglófona
Índice | Comunicar Erros



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.