São Paulo, sexta-feira, 18 de junho de 2004

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CRÍTICA

Sátira ao cinema garante boas piadas

DIEGO ASSIS
DA REPORTAGEM LOCAL

Na falta de um roteiro, apele para a sátira. A fórmula, usada à exaustão nas comédias de Hollywood, parece estar com os dias contados. Sucesso na década de 80, em filmes como "Top Secret" e "Corra que a Polícia Vem Aí", o artifício chegou ao esgotamento em blockbusters fracos como "Todo Mundo em Pânico".
"Shrek 2" abusa do clichê, mas mesmo assim consegue reviver os bons (?) momentos dos pastelões comerciais de tempos passados.
Na nova aventura do ogro, mais que o encontro enfim promovido entre a criatura e os pais da princesa Fiona, com quem o monstrengo se casa no final do primeiro episódio, a diversão dos cinéfilos de carteirinha será ficar contando quantas citações existem.
"Missão Impossível", "Flashdance", "Homem-Aranha", "O Poderoso Chefão", "O Senhor dos Anéis", "A Primeira Noite de um Homem"... Você escolhe.
Mas, como estamos em território da diversão infantil -será mesmo?-, as sátiras se estendem oportunamente para o universo das fábulas e contos de fadas.
Assim, temos não só a princesa da história anterior mas também a Fada Madrinha, o Gato de Botas, o Lobo Mau e a Vovozinha, Pinóquio, os Três Porquinhos, o Homem-Biscoito. Todos em situações, digamos, pouco ortodoxas.
"Basta mentir e dizer que você está usando calcinha", diz o Burro a Pinóquio, para fazer com que seu nariz cresça. "OK. Eu estou usando calcinha." E seu nariz não se move nenhum centímetro.
Os três anos de produção e os US$ 75 milhões gastos nessa continuação também ajudaram a dar novo fôlego ao filme. A animação e o ritmo das cenas só ficaram mais apurados com os anos.
Um dos principais desafios em 3D tem sido animar feições humanas -fato contornado criando-se histórias com animais falantes, brinquedos e alienígenas. "Shrek 2" encara de vez a empreitada e chega perto, muito perto, de um resultado satisfatório.
As cenas de abertura que apresentam o príncipe encantado -e metrossexual!-, bem como a caracterização de sua mãe, a Fada Madrinha, atingem uma naturalidade até hoje inédita em produções feitas por computador.
Os atores de Hollywood que se cuidem. Do jeito que a coisa anda, só vai sobrar para eles uma pontinha na dublagem. Mike Meyers e Eddie Murphy, respectivamente o Ogro e o Burro no original, já estão garantindo seu pé-de-meia. Descobriram que comédia boa hoje tem de ser animada.


Shrek 2
Idem

   
Direção: Andrew Adamson, Kelly Asbury e Conrad Vernon
Produção: EUA, 2004
Quando: a partir de hoje nos cines Butantã, Eldorado e circuito



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