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CRÍTICA
Sátira ao cinema garante boas piadas
DIEGO ASSIS
DA REPORTAGEM LOCAL
Na falta de um roteiro, apele
para a sátira. A fórmula, usada à exaustão nas comédias de
Hollywood, parece estar com os
dias contados. Sucesso na década
de 80, em filmes como "Top Secret" e "Corra que a Polícia Vem
Aí", o artifício chegou ao esgotamento em blockbusters fracos como "Todo Mundo em Pânico".
"Shrek 2" abusa do clichê, mas
mesmo assim consegue reviver os
bons (?) momentos dos pastelões
comerciais de tempos passados.
Na nova aventura do ogro, mais
que o encontro enfim promovido
entre a criatura e os pais da princesa Fiona, com quem o monstrengo se casa no final do primeiro episódio, a diversão dos cinéfilos de carteirinha será ficar contando quantas citações existem.
"Missão Impossível", "Flashdance", "Homem-Aranha", "O
Poderoso Chefão", "O Senhor dos
Anéis", "A Primeira Noite de um
Homem"... Você escolhe.
Mas, como estamos em território da diversão infantil -será
mesmo?-, as sátiras se estendem
oportunamente para o universo
das fábulas e contos de fadas.
Assim, temos não só a princesa
da história anterior mas também
a Fada Madrinha, o Gato de Botas,
o Lobo Mau e a Vovozinha, Pinóquio, os Três Porquinhos, o Homem-Biscoito. Todos em situações, digamos, pouco ortodoxas.
"Basta mentir e dizer que você
está usando calcinha", diz o Burro
a Pinóquio, para fazer com que
seu nariz cresça. "OK. Eu estou
usando calcinha." E seu nariz não
se move nenhum centímetro.
Os três anos de produção e os
US$ 75 milhões gastos nessa continuação também ajudaram a dar
novo fôlego ao filme. A animação
e o ritmo das cenas só ficaram
mais apurados com os anos.
Um dos principais desafios em
3D tem sido animar feições humanas -fato contornado criando-se histórias com animais falantes, brinquedos e alienígenas.
"Shrek 2" encara de vez a empreitada e chega perto, muito perto,
de um resultado satisfatório.
As cenas de abertura que apresentam o príncipe encantado -e
metrossexual!-, bem como a caracterização de sua mãe, a Fada
Madrinha, atingem uma naturalidade até hoje inédita em produções feitas por computador.
Os atores de Hollywood que se
cuidem. Do jeito que a coisa anda,
só vai sobrar para eles uma pontinha na dublagem. Mike Meyers e
Eddie Murphy, respectivamente o
Ogro e o Burro no original, já estão garantindo seu pé-de-meia.
Descobriram que comédia boa
hoje tem de ser animada.
Shrek 2
Idem
Direção: Andrew Adamson, Kelly Asbury
e Conrad Vernon
Produção: EUA, 2004
Quando: a partir de hoje nos cines
Butantã, Eldorado e circuito
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