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"A VIAGEM DE CHIHIRO"
Animação é experiência visual única
DIEGO ASSIS
DA REPORTAGEM LOCAL
Ninguém se cansa de ver e rever "A Viagem de Chihiro".
Mas o que faz dessa animação algo tão cativante, tão especial? Pergunte ao Oscar, pergunte aos jurados do Festival de Berlim, pergunte a quem viu. "A Viagem de
Chihiro" é, sem dúvida, uma experiência visual única.
De olhos e preconceitos armados para encontrar "mais uma
animação japonesa", o espectador surpreende-se ao constatar
que "Chihiro" não é feito de
crianças de olhos exageradamente esbugalhados ou de uma batalha entre o bem e o mal, com a
derrota deste último no final.
Chihiro é uma garotinha que está se mudando com os pais para
uma nova cidade no Japão. Vai ter
nova casa, nova escola, novos
amigos. Mas, como qualquer garota de dez anos, isso é o que ela
não quer. Durante a viagem, encontram um portal que impede a
passagem do carro. A fome dos
pais acaba fazendo com que a família desça do carro e insista em
explorar a pé a passagem. Chihiro, com medo, não quer.
Chihiro, desconfiada, não quer
botar os pés no novo mundo. Os
adultos mal pensam na escolha
nem se dão ao trabalho de escutar
a filha. Resultado: são transformados em porcos e só reaparecem no final do desenho!
Pois é por Chihiro que o diretor
Hayao Miyazaki se apaixona. Pelo
misto de pavor, prudência e coragem que a menina vai demonstrar
diante dos desafios da jornada pelo País das Maravilhas, com "maravilhas" nem tão diferentes das
de Lewis Carroll, mas estranhas
para a cultura ocidental.
Com 99% das cenas pintadas a
mão, a animação é um mergulho
no imaginário de lendas e espíritos da cultura japonesa. Fantasioso, pode ser tido como "de criança". Azar é o nosso, dos "adultos",
que não temos a senha para uma
das paisagens mais provocativas
tecidas pelo cinema moderno.
A Viagem de Chihiro
Spirited Away
Produção: Japão/EUA, 2001
Direção: Hayao Miyazaki
Quando: a partir de hoje nos cines
Anália Franco, Bristol e circuito
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