São Paulo, sábado, 18 de julho de 2009 |
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TRECHO Parece que foi ontem: ele era alto, magro, pernas longas, pés descalços e caminhava num ritmo quase baiano, não fosse gaúcho. Jeans, camiseta, óculos redondinhos, lembrava John Lennon. Fumava sem parar, roía as unhas e passava a mão nos cabelos, um misto de príncipe valente com cantor de rock. Tinha voz grave e lânguida, articulava as palavras, saboreando-as lentamente. Caio tinha um jeito meio David Bowie, e nada ficava muito claro. Queria ser meu bem, meu zen, meu mal, ou nenhuma das anteriores? E era meio bruxo: fazia horóscopos, interpretava tarôs, lia o que escrevíamos, distribuía elogios, ou nem tanto, nos mostrava seus contos, pedia opinião, apontava caminhos. Vivíamos a véspera dos anos 80, aqueles que Cazuza chamaria de exagerados. Mal podíamos imaginar que vivíamos os últimos anos loucos. Extraído de "Para Sempre Teu, Caio F.", de Paula Dip
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