|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
GASTRONOMIA
Chef americano lança nova obra com palestra no "Boa Mesa"
Bourdain ensina a viajar pela boca
CAIO MAIA
DA REPORTAGEM LOCAL
Uma "cerimônia" em Portugal
que vai desde a matança do porco
até a sua deglutição, um banquete
de um carneiro inteiro assado
num deserto no Marrocos e uma
visita a um ginásio de sumô no Japão. Estas são só algumas das atividades das quais o chef e escritor
Anthony Bourdain participou enquanto escrevia seu último livro,
"Em Busca do Prato Perfeito".
Além das atividades gastronômicas -que tornam o livro pouco recomendável a quem estiver
de dieta-, o chef americano descreve também uma série de aspectos curiosos (pelo menos para
um americano) das culturas dos
locais que visitou. Consegue, assim, tornar a obra interessante
também como relato de viagem.
Hoje com 47 anos, Bourdain se
tornou conhecido do público depois de lançar, em 2000, "Cozinha
Confidencial", texto no qual contava segredos das cozinhas de
grandes restaurantes.
Bourdain está em São Paulo,
onde lança seu livro com uma palestra no festival gastronômico
Boa Mesa 2003, hoje, às 19h. De Nova York, onde comanda a cozinha do renomado Brasserie les Halles, ele conversou com a Folha.
Leia a seguir os alguns trechos
da entrevista.
Folha - Por que um chef resolve
virar escritor?
Anthony Bourdain - Tudo começou com um artigo para um jornal local, que acabou na [revista]
"New Yorker" e, da noite para o
dia, virou um sucesso. Imediatamente depois da publicação, tive a
oportunidade de escrever o livro.
Não esperava tanta repercussão
nem do artigo nem do livro.
Folha - Não acha que a comida de
um lugar é tão importante quanto
qualquer outro aspecto de sua cultura? Como vê, por exemplo, um
americano que visita a França e só
come fast-food?
Bourdain - Isso é um pecado.
Viajar "pelo estômago" é realmente a melhor maneira de conhecer uma cultura. Se você mostrar entusiasmo por comer da
maneira como as pessoas comem
nos diferentes países, sempre será
bem recebido e tratado com grande hospitalidade. Você conhece o
lugar de uma maneira que a
maior parte dos turistas não conhece. Acho um pecado viajar,
por exemplo, ao Brasil, e comer
na lanchonete do hotel. É uma
vergonha. Você perde tudo.
Folha - E quanto à bebida?
Bourdain - Com certeza também
é muito importante. O melhor
exemplo disso é a Rússia. Você
não vai fazer nenhum amigo na
Rússia se não os acompanhar na
vodca. Em quase todos os países
que conheço há uma bebida local
que as pessoas querem dividir comigo. Seria rude não aceitar. Sem
dúvida é parte da experiência beber o que as pessoas bebem. E
tanto quanto elas bebem.
Folha - O que, em alguns casos,
pode ser difícil...
Bourdain - Especialmente na
Rússia. Uma garrafa de vodca por
refeição!
Folha - O senhor conhece a cozinha brasileira?
Bourdain - Ah, sim, muito. Já estive no Brasil duas vezes, adoro o
país, adoro a comida. Sou louco
por feijoada e adoro comida baiana. É um grande destino gastronômico.
Folha - Parece com a cozinha portuguesa (descrita no livro)?
Bourdain - Muito mais interessante. Muito mais diversa e vibrante do que a portuguesa. Claro, há uma influência, mas a mistura é muito mais interessante.
EM BUSCA DO PRATO PERFEITO.
Autor: Anthony Bourdain. Tradução: Luiz
Henrique Horta. Editora: Cia. das Letras.
Quanto: R$ 41 (352 págs.).
Texto Anterior: Análise: A fórmula ficou fácil Próximo Texto: Evento abre espaço para a cerveja Índice
|