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São Paulo, quinta-feira, 18 de setembro de 2003

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GASTRONOMIA

Chef americano lança nova obra com palestra no "Boa Mesa"

Bourdain ensina a viajar pela boca

CAIO MAIA
DA REPORTAGEM LOCAL

Uma "cerimônia" em Portugal que vai desde a matança do porco até a sua deglutição, um banquete de um carneiro inteiro assado num deserto no Marrocos e uma visita a um ginásio de sumô no Japão. Estas são só algumas das atividades das quais o chef e escritor Anthony Bourdain participou enquanto escrevia seu último livro, "Em Busca do Prato Perfeito".
Além das atividades gastronômicas -que tornam o livro pouco recomendável a quem estiver de dieta-, o chef americano descreve também uma série de aspectos curiosos (pelo menos para um americano) das culturas dos locais que visitou. Consegue, assim, tornar a obra interessante também como relato de viagem.
Hoje com 47 anos, Bourdain se tornou conhecido do público depois de lançar, em 2000, "Cozinha Confidencial", texto no qual contava segredos das cozinhas de grandes restaurantes.
Bourdain está em São Paulo, onde lança seu livro com uma palestra no festival gastronômico Boa Mesa 2003, hoje, às 19h. De Nova York, onde comanda a cozinha do renomado Brasserie les Halles, ele conversou com a Folha.
Leia a seguir os alguns trechos da entrevista.
 

Folha - Por que um chef resolve virar escritor?
Anthony Bourdain -
Tudo começou com um artigo para um jornal local, que acabou na [revista] "New Yorker" e, da noite para o dia, virou um sucesso. Imediatamente depois da publicação, tive a oportunidade de escrever o livro. Não esperava tanta repercussão nem do artigo nem do livro.

Folha - Não acha que a comida de um lugar é tão importante quanto qualquer outro aspecto de sua cultura? Como vê, por exemplo, um americano que visita a França e só come fast-food?
Bourdain -
Isso é um pecado. Viajar "pelo estômago" é realmente a melhor maneira de conhecer uma cultura. Se você mostrar entusiasmo por comer da maneira como as pessoas comem nos diferentes países, sempre será bem recebido e tratado com grande hospitalidade. Você conhece o lugar de uma maneira que a maior parte dos turistas não conhece. Acho um pecado viajar, por exemplo, ao Brasil, e comer na lanchonete do hotel. É uma vergonha. Você perde tudo.

Folha - E quanto à bebida?
Bourdain -
Com certeza também é muito importante. O melhor exemplo disso é a Rússia. Você não vai fazer nenhum amigo na Rússia se não os acompanhar na vodca. Em quase todos os países que conheço há uma bebida local que as pessoas querem dividir comigo. Seria rude não aceitar. Sem dúvida é parte da experiência beber o que as pessoas bebem. E tanto quanto elas bebem.

Folha - O que, em alguns casos, pode ser difícil...
Bourdain -
Especialmente na Rússia. Uma garrafa de vodca por refeição!

Folha - O senhor conhece a cozinha brasileira?
Bourdain -
Ah, sim, muito. Já estive no Brasil duas vezes, adoro o país, adoro a comida. Sou louco por feijoada e adoro comida baiana. É um grande destino gastronômico.

Folha - Parece com a cozinha portuguesa (descrita no livro)?
Bourdain -
Muito mais interessante. Muito mais diversa e vibrante do que a portuguesa. Claro, há uma influência, mas a mistura é muito mais interessante.


EM BUSCA DO PRATO PERFEITO. Autor: Anthony Bourdain. Tradução: Luiz Henrique Horta. Editora: Cia. das Letras. Quanto: R$ 41 (352 págs.).


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