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Após anos de promessas, trio canadense aporta no país com turnê de "Vapor Trails"
Rush a todo vapor
SHIN OLIVA SUZUKI
DA REDAÇÃO
"Eu já ouvi tudo isso antes/
Mostre-me, não fale." Assim era
invocado pelos fãs do trio canadense Rush o refrão da música
"Show Don't Tell" a cada promessa de apresentação no Brasil vinda
de um de seus integrantes. Mas a
banda, na ativa há quase 35 anos,
resolveu enfim atender aos clamores de seu público e toca nesta
quarta em Porto Alegre, sexta em
São Paulo e sábado no Rio.
Mesmo nos primeiros lugares
de pesquisas sobre os shows mais
desejados no país, o fato é que o
grupo de Geddy Lee (baixo/vocais/teclados), Alex Lifeson (guitarra) e Neil Peart (bateria) é, em
geral, julgado por opiniões extremadas. Uns os têm como máximos instrumentistas do rock, outros, como espécime de dinossauro intragável e pretensioso do gênero. Os menos engajados reconhecem o Rush com um "não são
os que tocam a música do MacGyver?", tateando a canção "Tom
Sawyer" como tema do seriado
oitentista "Profissão: Perigo".
"Acho que nós somos amados e
odiados. Mexemos com emoções
de todas as pessoas. [O Rush é"
bom, ruim e diferente", resume
Geddy Lee, 49, dono da voz que
logo distingue as composições do
trio, em entrevista à Folha.
Os três chegam ao país durante
a turnê de "Vapor Trails", álbum
que finalizou um período forçado
de hibernação dos canadenses. "É
um disco sobre voltar à vida",
afirma o vocalista. Lee se refere a
acontecimentos recentes da vida
pessoal do colega Neil Peart. Em
1997, o baterista e letrista do trio
perdeu a filha Selena em um acidente de carro. Dez meses depois,
ainda se recuperando do baque,
Peart vê a mulher, Jackie, morrer
em decorrência de um câncer.
Peart buscou a estrada como
alento e percorreu 90 mil quilômetros nos 14 meses seguintes
viajando em uma moto BMW.
Foi de Québec ao Alasca, passando pela Costa Oeste americana,
México e Belize. A experiência
inspirou o livro "Ghost Rider
-°Travels on the Healing Road" e
várias das letras do recente disco.
O calvário de Peart, um dos bateristas mais respeitados do mundo, colocou em dúvida o futuro
do Rush. "Cheguei a achar que seria bem possível que ele não tivesse mais forças para tocar novamente", afirmou o vocalista.
Passado o período de turbulência, os temores não se confirmaram e logo o grupo voltaria não só
às turnês, como passaria por lugares nunca visitados no passado.
Lee ainda não sabe o que esperar do Brasil. Leu as notícias sobre
a vitória de um presidente de esquerda nas últimas eleições. "Parece ser um momento muito excitante para o país."
Afirmação que aparentemente
não combina com uma banda que
nos anos 70 tinha como símbolo
um homem lutando contra uma
estrela vermelha e era influenciada pelas idéias da escritora anticomunista Ayn Rand (1905-82), expostas em canções como "Anthem", do disco "Fly by Night"
(75). "Não somos de direita, mas
também não somos de esquerda.
Nossas idéias estão mais relacionadas a temas filosóficos do que à
política", explica Lee.
De qualquer forma, as apresentações brasileiras não devem servir de palco para tonalidades políticas, e sim para os clássicos desovados pelos canadenses em 21 discos e respondidos por mais de 35
milhões de cópias vendidas durante toda a carreira. "O set list
que temos tocado na turnê vai
mudar um pouquinho. Vamos
tocar um longo show, cerca de
três horas com músicas de todas
as fases da banda. Eu acredito que
todos ficarão satisfeitos com ao
que vão assistir."
Se bem que "todos" ainda é uma
palavra estranha ao vocabulário
do Rush. Mas um dissenso quanto ao show provavelmente não
abalaria a confiança dos três músicos. "Nós podemos viver com
isso", diz Lee em relação à condição ame-ou-odeie da banda.
RUSH. Apresentações no Brasil em Porto
Alegre, estádio Olímpico (quarta); São
Paulo, estádio do Morumbi (sexta); Rio,
estádio do Maracanã (sábado). Inform.
sobre ingressos: São Paulo, 0/xx/11/
6846-6000; Rio e Porto Alegre, 0300-789-6846. www.ticketmaster.com.br.
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