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Crítica/"Déjà Vu"
Trama tenta se apoiar na "ciência" e no elenco estrelado
SÉRGIO RIZZO
CRÍTICO DA FOLHA
Viajar no tempo é coisa
que muitos filmes resolvem sem muita cerimônia científica: passa-se por
um portal ou entra-se em uma
máquina construída num laboratório de fundo de quintal e
pronto, vai-se logo ao que interessa -em geral, a possibilidade de interferir no passado e
enfrentar o paradoxo de alterar
também o futuro do qual vêm
os personagens, inviabilizando
assim a própria viagem.
Não é o caso de "Déjà Vu",
que morreria de vergonha de
ser um "filme B". Com toda a
pompa e circunstância, ele
apresenta um dispositivo de
tecnologia de ponta (que lembra um pouco "Minority Report"), e, para explicá-lo, encena um inacreditável diálogo
pretensamente científico entre
um investigador de Nova Orleans, Doug (Denzel Washington), e uma equipe de gênios do
governo federal.
O que faz Doug, solitário homem das ruas, típico personagem dos seriados de investigação criminal da TV, no meio
dessa gente que parece saída de
"Contato"? Como se desgraça
pouca fosse bobagem, Nova Orleans sofre, logo depois da tragédia do furacão Katrina, um
atentado terrorista que mata
mais 500 pessoas. Washington
envia uma equipe especial para
apurar o caso, da qual faz parte
um boa praça (Val Kilmer).
Em paralelo ao atentado, é
encontrado o corpo de uma jovem (Paula Patton). Doug acredita que uma coisa tenha a ver
com a outra e, graças a essa pista, a trama avança. O título se
refere a uma ilusão da memória
já tratada pela literatura científica e que leva alguém a sentir
já ter visto e vivido determinada situação que, no entanto, lhe
é inédita. No filme, a dúvida gira em torno da palavra "ilusão".
Sempre lembrado (e "Déjà
Vu" ajuda a entender por que)
como o irmão mais novo de Ridley Scott, o diretor Tony Scott
("Ases Indomáveis", "Dias de
Trovão") cuida da ação com um
zelo especial pelo frágil castelo
de cartas da viagem no tempo,
mas não tanto que o impeça de
se concentrar, com o habitual
padrão de eficiência do gênero
em Hollywood, no corre-corre
e na tensão provocada por ele.
E há, claro, Denzel Washington, legítimo representante no
cinema industrial norte-americano do que é, como pilar de
sustentação para um filme, o
"star system". Scott já havia
trabalhado com ele em "Maré
Vermelha" (1995) e "Chamas
da Vingança" (2004). A trama
de "Déjà Vu" pode parecer
boba, mas a preferência por
Washington mostra que seu
diretor não é.
DÉJÀ VU
Direção: Tony Scott
Produção: EUA, 2006
Com: Denzel Washington, Val Kilmer, Paula Patton
Quando: estréia hoje nos cines Morumbi, Eldorado e circuito
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