|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
Foi a filmagem mais difícil e histérica da minha vida, diz Akin
Diretor de "Soul Kitchen" conta que sofreu para fazer sua primeira comédia
FERNANDA EZABELLA
REPORTAGEM LOCAL
Completamente histérico. É
assim que Fatih Akin, diretor
alemão de família turca, resume seu estado durante as filmagens de sua primeira comédia,
"Soul Kitchen", que estreia hoje nos cinemas brasileiros.
Ao contrário de seus filmes
anteriores, os dramas "Do Outro Lado" (2007) e "Contra a
Parede" (2004), vencedor do
Urso de Ouro em Berlim, "Soul
Kitchen" traz um tema bem
mais leve e muitas cores: as
desventuras de um dono de restaurante em Hamburgo, chamado Zinos, interpretado por
seu amigo de longa data Adam
Bousdoukos. Ele tem que lidar
com a namorada que vai embora, agentes de saúde, um irmão
que sai da prisão e um chef de
ego inflado.
Mas, quem pensa que a tarefa
como diretor foi também "mais
leve", engana-se. "Foi de fato
meu filme mais difícil, as filmagens mais histéricas da minha
vida", conta Fatih, 36, por telefone à Folha. "Eu não confiava
no roteiro, todo dia me perguntava: "o que eu estou fazendo
aqui?", "a imprensa vai me detonar!" e coisas assim."
O diretor praticamente voltou à época de estudante para
finalizar a história e conseguir
achar o ritmo perfeito das comédias. Ele conta que resgatou
livros antigos da faculdade sobre como narrar histórias clássicas, além de analisar filmes
de gênero, comédias dos anos
50 e 60, as de humor judaico e
obras de Billy Wilder.
"O grande desafio foi ser capaz de trabalhar com convenções. Meus outros filmes eram
livres de convenções, mas não
porque eu queria e sim porque
eu não sabia usá-las", diz sobre
seus longas anteriores, que
abordavam temas como imigração, identidade e relações
conflituosas. "No drama, eu
nunca dominei nada como diretor. Sempre deixei as coisas
acontecerem e pegava o que
era possível. Era esse o tempo."
As histórias sobre o restaurante do filme vieram de Adam
Bousdoukos, que assina o roteiro com o diretor. Protagonista do primeiro longa de
Akin, Bousdoukos foi dono de
um estabelecimento por dez
anos.
"Eu era o cliente mais fiel",
conta Akin. "Adam me contava
todas as histórias, os problemas com impostos. No final,
tem muito a ver com dirigir filmes. Os fregueses são a plateia,
o chef é o diretor, o dono do
restaurante é o produtor."
Documentário
Após a nova experiência,
Akin quer continuar fazendo
coisas diferentes, como um faroeste nos EUA ou mesmo um
musical. Ele já dirigiu um documentário, "Atravessando a
Ponte - O Som de Istambul"
(2005), sobre a cena musical
turca, e agora finaliza um segundo, "Garbage in the Garden
of Eden", sobre a transformação de uma vila na Turquia em
um grande depósito de lixo.
Texto Anterior: Cinema/Crítica/ "Soul Kitchen": Filme de restaurante agrada paladar Próximo Texto: Crítica/ "Um Sonho Possível": Condescendente e paternalista, filme posa de sensível Índice
|