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Hollywood já está de olho em adaptação
DA REPORTAGEM LOCAL
Quatro anos depois de "O Retorno do Rei", a parte final da
trilogia dirigida por Peter Jackson para o cinema, ser premiada com 11 estatuetas do Oscar,
já se fala em levar "The Children of Húrin" para a tela grande. David Brawn, diretor da
editora HarperCollins, afirmou
que "não se trata de um novo
Harry Potter", mas contou que
alguns estúdios de Hollywood
já estariam ansiosos para comprar os direitos do título para o
cinema.
"Mas queremos que ele primeiro desfrute sua vida plenamente como livro", disse
Brawn anteontem à imprensa
inglesa, durante o lançamento
do livro em Londres.
Christopher Tolkien, o caçula do autor, responsável pela
edição do livro, também defende que a atenção se volte agora
para os escritos do pai. Também presente ao lançamento,
seu filho, Adam Tolkien, se
queixou aos jornalistas de que
"todo mundo fala sobre a marca, a franquia e os filmes."
"As pessoas obviamente se
esquecem que havia um homem por trás disso, que tinha
suas razões para escrever aqueles livros e que estas obras são
maravilhosas. Claro que não
estou descontente com o sucesso, mas é uma pena que tenha
se tornado uma marca. É uma
obra de arte."
Mérito literário
Em entrevista à Folha,
Adam Tolkien sustenta que
"The Children of Húrin" é o livro que melhor expressa as
idéias de seu avô sobre a natureza do homem em seu confronto contra o mal, personificado por Morgoth, espécie de
antecessor de Sauron, o grande
"vilão" de "O Senhor dos
Anéis". Para o neto de Tolkien,
o lançamento do livro pode fortalecer o prestígio do autor.
"Acredito também que esta
narrativa puramente trágica
deve dar uma perspectiva
maior da obra de Tolkien, de
quem "O Senhor dos Anéis" seria apenas uma parte", afirma
Adam. "Talvez ela também ajude a mudar as críticas aos méritos literários de sua obra, uma
visão segundo a qual ele não
era realmente um escritor. E
que não deveria ser levado a sério como um importante autor
do século 20."
A chamada base mundial de
fãs das aventuras de elfos e
afins na Terra Média deve garantir o sucesso de vendas de
"The Children Húrin". As críticas, por enquanto, variam de
tom. Murrough O'Brien, do
jornal britânico "Independent", escreveu no último domingo que espera que "sua universalidade e seu poder lhe
confiram um lugar próprio na
mitologia inglesa". Já Tom Deveson, do "The Sunday Times",
falou em "páginas de debilidade auto-indulgente."
"'Os fãs sem dúvida continuarão a leitura com devoção
apaixonada, mas, para outros,
trata-se de um ato de penitência dolorosa", concluiu o implacável crítico.
(ES)
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