São Paulo, quinta-feira, 19 de abril de 2007

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Hollywood já está de olho em adaptação

DA REPORTAGEM LOCAL

Quatro anos depois de "O Retorno do Rei", a parte final da trilogia dirigida por Peter Jackson para o cinema, ser premiada com 11 estatuetas do Oscar, já se fala em levar "The Children of Húrin" para a tela grande. David Brawn, diretor da editora HarperCollins, afirmou que "não se trata de um novo Harry Potter", mas contou que alguns estúdios de Hollywood já estariam ansiosos para comprar os direitos do título para o cinema.
"Mas queremos que ele primeiro desfrute sua vida plenamente como livro", disse Brawn anteontem à imprensa inglesa, durante o lançamento do livro em Londres.
Christopher Tolkien, o caçula do autor, responsável pela edição do livro, também defende que a atenção se volte agora para os escritos do pai. Também presente ao lançamento, seu filho, Adam Tolkien, se queixou aos jornalistas de que "todo mundo fala sobre a marca, a franquia e os filmes."
"As pessoas obviamente se esquecem que havia um homem por trás disso, que tinha suas razões para escrever aqueles livros e que estas obras são maravilhosas. Claro que não estou descontente com o sucesso, mas é uma pena que tenha se tornado uma marca. É uma obra de arte."

Mérito literário
Em entrevista à Folha, Adam Tolkien sustenta que "The Children of Húrin" é o livro que melhor expressa as idéias de seu avô sobre a natureza do homem em seu confronto contra o mal, personificado por Morgoth, espécie de antecessor de Sauron, o grande "vilão" de "O Senhor dos Anéis". Para o neto de Tolkien, o lançamento do livro pode fortalecer o prestígio do autor.
"Acredito também que esta narrativa puramente trágica deve dar uma perspectiva maior da obra de Tolkien, de quem "O Senhor dos Anéis" seria apenas uma parte", afirma Adam. "Talvez ela também ajude a mudar as críticas aos méritos literários de sua obra, uma visão segundo a qual ele não era realmente um escritor. E que não deveria ser levado a sério como um importante autor do século 20."
A chamada base mundial de fãs das aventuras de elfos e afins na Terra Média deve garantir o sucesso de vendas de "The Children Húrin". As críticas, por enquanto, variam de tom. Murrough O'Brien, do jornal britânico "Independent", escreveu no último domingo que espera que "sua universalidade e seu poder lhe confiram um lugar próprio na mitologia inglesa". Já Tom Deveson, do "The Sunday Times", falou em "páginas de debilidade auto-indulgente."
"'Os fãs sem dúvida continuarão a leitura com devoção apaixonada, mas, para outros, trata-se de um ato de penitência dolorosa", concluiu o implacável crítico. (ES)


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