"Epitáfios", produção argentina da HBO, ganha 2ª temporada 5 anos após estreia

Atriz fala sobre sua personagem "maluca" na série e lembra trabalho com cineasta espanhol em "Tudo sobre Minha Mãe"

CRISTINA FIBE
DA REPORTAGEM LOCAL

Quase cinco anos depois de estrear, em agosto de 2004, "Epitáfios", produção argentina da HBO, volta ao canal pago para uma continuação, com suas investigações macabras sobre homicídios em série.
A segunda temporada, que começa a ser exibida hoje, às 22h, mantém a principal estrela da série, Cecilia Roth, musa do diretor Pedro Almodóvar e vencedora do Goya, mais importante prêmio do cinema espanhol, por "Tudo sobre Minha Mãe" (1999).
Em visita a São Paulo em fevereiro, Cecilia recebeu a Folha para explicar o seu gosto por "personagens complexos e difíceis" (como Marina, a detetive de "Epitáfios"), reforçar a sua preferência pelo "cinema independente" e o orgulho por ser associada a Almodóvar.
A atriz argentina de 52 anos se atrasa meia hora para a entrevista em nome da maquiagem reforçada e dos cabelos loiros, que joga de um lado para o outro enquanto conversa. Simpática, contrariando a fama de difícil, defende que fazer a série "é como fazer cinema".
"Rodamos em sete meses os 13 episódios [da segunda temporada]. É como repetir o mesmo personagem em três longas seguidos. E ainda é em película", conta.
Sua personagem -que Cecilia admite ser "maluca"-, além de não medir o envolvimento pessoal com os crimes que desvenda, desconta o estresse em mesas de roleta-russa.
"Nesta temporada, os problemas psicológicos dela serão explicados mais profundamente", promete. Já se sabe que Marina enfrentou o suicídio do pai, o que explicaria parte de suas dificuldades de relacionamento.

Casal em crise
Talvez para compensar o lado sanguinolento do programa, Cecilia protagoniza, na Argentina, outra série de TV -mas, desta vez, sobre a terapia de um casal em crise. Em "Tratame Bien", ela contracena com Julio Chávez, seu companheiro de investigações em "Epitáfios".
Fora da TV, a atriz filma um thriller policial, dirigido pelo novato Ricardo Akershtein, e espera voltar a trabalhar com Almodóvar -"que tem sempre três coisas na cabeça".
"Poucos diretores têm o privilégio de se tornarem um adjetivo, como felliniano, almodovariano. Ele é muito especial, e eu o conheço desde o início, é bom vê-lo onde está", diz.
Sobre o que diferencia o diretor dos outros, Cecilia diz que é o "ambiente de muita intimidade que cria no set": "Ele te faz entrar na complexidade do mundo dele, mas, ao mesmo tempo, com muito cuidado para não te machucar".