São Paulo, quinta-feira, 19 de maio de 2005

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COMIDA

De la Musique não decepciona

JOSIMAR MELO
COLUNISTA DA FOLHA

Não esperava grande coisa do Café de la Musique como restaurante. Montado por um grupo que tem como membros mais visíveis dois herdeiros milionários -Ricardo Mansur, de 30 anos, e Alvaro Garnero, 36-, conhecidos como protagonistas de futilidades, era de se imaginar que, como ponto de encontro de uma certa galera (jovens ricos despreocupados), o lugar pegasse. E, já em seus primeiros dias, ele vive tomado por um congestionamento de bolsas importadas, escarpins pontiagudos e jeans Diesel, portados por pessoas de pouca idade.
Mas digamos que, mesmo assim, você queira conhecer este local. Não para ver a juventude vazia que ali flana nem para conferir a decoração que, inspirada no café de Roberto Cavalli em Milão, tem ambientes assinados por estilistas (no caso, Ricardo Almeida, Amir Slama e Fause Haten). Não, digamos que você acredite que se trata de um restaurante e queira avaliar a competência da turma.
Pois é: a turma não se saiu de todo mal. Talvez poucos percebam (pois nas mesas de mulheres rola muito prosecco e batom, na dos garotos, muita cerveja e ostentação, mas comida que é bom nem todos pedem). O Café de la Musique tem algumas pequenas modernidades indispensáveis para aquele público e dispensáveis para o mundo, mas tem também algo de consistência, que vai além da mera ração para uma balada.
O cardápio é basicamente italiano, mas, ao lado de alguns clássicos, há também pratos que eles classificam de contemporâneos. E, é claro, foi providenciado também um balcão de sushi, a coqueluche dos pós-adolescentes dos anos 2000. O que poderia ser uma confusão de sabores termina fluindo mansamente noite adentro, enquanto a penumbra vai baixando, e o volume da música, subindo. Para a orquestra funcionar, foi certamente decisiva a contratação de um especialista no refinamento da mesa, Vicci Domini, ex-Fasano, contratado para dar consultoria na montagem do restaurante.
Da química final, fazem parte três chefs (Augusto Hato, Reinaldo Soares e Walter di Carmo), um sommelier e garçons profissionais. Do pequeno cardápio de sushi, não saem achados sensacionais, mas a coisa funciona. Da parte ocidental, saem sopa de ervilha rosa com camarão ao perfume de sálvia, polenta italiana com fonduta gratinada de queijos, atum em crosta de brioches ao pesto de cebolinhas com purê de wasabi, steak grelhado ao molho trufado com chips de batata-doce, e, como sobremesa, folhadinhos de tomate verde com sorvete de creme e crocantes de manjericão. Não decepciona.


CAFÉ DE LA MUSIQUE
Cotação: $$$
Avaliação: regular
Endereço: av. Juscelino Kubitschek, 1.400, Itaim, tel. 0/xx/11/3079-5588
Funcionamento: de ter. a dom., a partir das 19h30 Ambiente: começa am- plo e claro com fundo mu- sical, termina apertado e à meia-luz, com música alta
Serviço: corre bem
Serviço de vinhos: oferta pequena, mas amparada pelo sommelier
Estacionamento: R$ 10
Cartões: todos
Preços: entradas, de
R$ 18 a R$ 25; pratos princ., de R$ 32 a R$ 87; sobremesas, de R$ 9 a R$ 16. Combinado de sushie sashimi: R$ 45.


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