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COMIDA
De la Musique não decepciona
JOSIMAR MELO
COLUNISTA DA FOLHA
Não esperava grande coisa do
Café de la Musique como
restaurante. Montado por um
grupo que tem como membros
mais visíveis dois herdeiros milionários -Ricardo Mansur, de 30
anos, e Alvaro Garnero, 36-, conhecidos como protagonistas de
futilidades, era de se imaginar
que, como ponto de encontro de
uma certa galera (jovens ricos
despreocupados), o lugar pegasse. E, já em seus primeiros dias,
ele vive tomado por um congestionamento de bolsas importadas, escarpins pontiagudos e
jeans Diesel, portados por pessoas
de pouca idade.
Mas digamos que, mesmo assim, você queira conhecer este local. Não para ver a juventude vazia que ali flana nem para conferir
a decoração que, inspirada no café de Roberto Cavalli em Milão,
tem ambientes assinados por estilistas (no caso, Ricardo Almeida,
Amir Slama e Fause Haten). Não,
digamos que você acredite que se
trata de um restaurante e queira
avaliar a competência da turma.
Pois é: a turma não se saiu de todo mal. Talvez poucos percebam
(pois nas mesas de mulheres rola
muito prosecco e batom, na dos
garotos, muita cerveja e ostentação, mas comida que é bom nem
todos pedem). O Café de la Musique tem algumas pequenas modernidades indispensáveis para
aquele público e dispensáveis para o mundo, mas tem também algo de consistência, que vai além
da mera ração para uma balada.
O cardápio é basicamente italiano, mas, ao lado de alguns clássicos, há também pratos que eles
classificam de contemporâneos.
E, é claro, foi providenciado também um balcão de sushi, a coqueluche dos pós-adolescentes dos
anos 2000. O que poderia ser uma
confusão de sabores termina
fluindo mansamente noite adentro, enquanto a penumbra vai
baixando, e o volume da música,
subindo. Para a orquestra funcionar, foi certamente decisiva a contratação de um especialista no refinamento da mesa, Vicci Domini, ex-Fasano, contratado para
dar consultoria na montagem do
restaurante.
Da química final, fazem parte
três chefs (Augusto Hato, Reinaldo Soares e Walter di Carmo), um
sommelier e garçons profissionais. Do pequeno cardápio de
sushi, não saem achados sensacionais, mas a coisa funciona. Da
parte ocidental, saem sopa de ervilha rosa com camarão ao perfume de sálvia, polenta italiana com
fonduta gratinada de queijos,
atum em crosta de brioches ao
pesto de cebolinhas com purê de
wasabi, steak grelhado ao molho
trufado com chips de batata-doce,
e, como sobremesa, folhadinhos
de tomate verde com sorvete de
creme e crocantes de manjericão.
Não decepciona.
CAFÉ DE LA MUSIQUE
Cotação: $$$
Avaliação: regular
Endereço: av. Juscelino
Kubitschek, 1.400, Itaim,
tel. 0/xx/11/3079-5588
Funcionamento: de ter. a dom.,
a partir das 19h30
Ambiente: começa am-
plo e claro com fundo mu-
sical, termina apertado e à
meia-luz, com música alta
Serviço: corre bem
Serviço de vinhos:
oferta pequena, mas
amparada pelo sommelier
Estacionamento: R$ 10
Cartões: todos
Preços: entradas, de
R$ 18 a R$ 25; pratos
princ., de R$ 32 a R$ 87;
sobremesas, de R$ 9
a R$ 16. Combinado
de sushie sashimi: R$ 45.
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