ESPECIAL PARA A FOLHA

Os paulistas que não viram o show de Lenine baseado no disco "InCité" têm uma última chance. O cantor e compositor pernambucano despede-se desse repertório, em única apresentação pelo projeto Palco Pernambuco, hoje, no Citibank Hall. Quem abre a noite é o cantor e instrumentista Antonio Nóbrega.
Já em fase de preparação de um novo álbum, Lenine revela apenas que se trata de seu "Acústico MTV". "Estou ainda em fase de maturação. Seria prematuro falar alguma coisa agora. Estou mergulhado no processo de revisitar minhas canções", diz, confirmando que o CD será gravado em breve.
Essa é a segunda vez que Lenine atua como anfitrião do Palco Pernambuco. Criado em Recife, o projeto está em sua quarta edição. Desde a anterior, passou a ser realizado no Rio e em São Paulo.
"Em geral, fazemos uma noite inusitada que só acontece uma vez. Eu convido amigos que não são, necessariamente, pernambucanos", explica Lenine, referindo-se à cantora e compositora gaúcha Adriana Calcanhotto e ao carioca Gabriel, o Pensador.
Junto com Adriana, Lenine canta seu sucesso "Hoje Eu Quero Sair Só" (parceria com Mu Chebabi e Caxa Aragão) e "Esquadros" (da cantora). Também divide o palco com Gabriel, em "Astronauta" (de Gabriel e Lulu Santos) e "Cachimbo da Paz" (de Gabriel e Bollado Emecê).
"Esse projeto me possibilita exercitar uma coisa bacana: termino sendo músico dos convidados. Eu deito a cama para eles se divertirem. Sempre peço a eles que escolham o que gostariam de cantar", conta o anfitrião.
Há ainda um terceiro convidado, que deve surpreender a platéia. Para antecipar o centésimo aniversário do frevo, em 2007, o maestro e saxofonista pernambucano Spok comandará uma espécie de arrastão musical entre o público, a exemplo do que fez no último carnaval de Recife.
"Ele conseguiu reunir 150 músicos de sopro. Foi a maior concentração de sopristas que eu já vi. Eles fizeram um arrastão pelas ruas da cidade, às 4h da manhã da quarta-feira de Cinzas. Foi um momento muito especial", relembra Lenine.
Líder da Spok Frevo Orquestra, o carismático maestro tem conquistado platéias de outras regiões do país. "O mais bacana é que o Spok voltou a chamar atenção para o frevo, com toda a carga de refinamento que ele tem. O frevo é um jazz muito especial que nós temos", elogia o anfitrião.
Quinze ou vinte anos atrás, Lenine imaginava que a música de sua terra conseguiria o algo grau de prestígio e popularidade de que desfruta hoje?
"Pode soar um pouco prepotente, mas eu já imaginava isso", afirma. "Essa movimentação de hoje é fruto de ciclos de gerações. Quem viveu lá sabe que existe uma continuidade. Há sempre uma geração mais nova e ousada. O que sempre me pareceu peculiar em Pernambuco é que todo mundo procura um caminho próprio". (CC)