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Prazos apertados fazem estilistas desistirem de desfiles
NINA LEMOS
COLUNISTA DA FOLHA
"Estou de luto, arrasada." Assim a estilista Patrícia Vieira,
que desfilou três vezes no Fashion Rio e outras três no São
Paulo Fashion Week, define
seu estado de espírito por não
ter participado do SPFW nessa
temporada. O motivo da ausência, segundo ela, é o mesmo
apontado por outros estilistas
ouvidos pela Folha: o prazo
apertado entre os desfiles (as
apresentações de verão acontecem em junho e os de outono
inverno entre janeiro e fevereiro) e a época em que as roupas
precisam chegar às lojas, cerca
de dois meses após os shows.
A "pressa" com que as lojas
lançam as novas coleções de
verão é apontada como motivo
por outra ausência na semana
de moda, a do estilista carioca
Carlos Tufvesson. "Entreguei a
coleção de outono-inverno no
dia 30 de maio. Como teria
condições de preparar um desfile para a SPFW, que começou
12 de junho?", pergunta. "É
surreal que as coleções de verão sejam lançadas em junho,
principalmente porque os
compradores acham que a roupa precisa começar a ser vendida um mês depois."
Clô Orozco, estilista da Huis
Clô, acha que o ideal seria que
as coleções só chegassem às lojas três meses depois após os
shows. "É assim no mundo todo, precisamos de um tempo
para nos organizar." O estilista
Reinaldo Lourenço, que se
apresentou ontem, comemorava após o desfile o fato de, depois de dois meses, poder relaxar. "Estou trancado no ateliê.
Meu trabalho é artesanal e o
prazo, muito apertado."
A solução para o "aperto",
para Tufvesson, seria um adiamento dos shows. "A gente poderia lançar o inverno em fevereiro e o verão em setembro,
para ter mais tempo para produzir as entregas." A mesma
opinião é compartilhada por
Patrícia Vieira. "Eu desfilava
em junho e tinha que entregar
em julho para exportação."
Clô, que também sofre com
os prazos, pensa em outra solução. "O ideal seria que a coleção
de verão fosse apresentada em
abril e fosse às lojas em agosto."
De acordo com Graça Cabral,
diretora do SPFW, todo o mercado de moda precisa passar
por uma "adequação". De acordo com ela, a data não pode ser
retardada nem adiantada porque as lojas e os consumidores
"querem sempre novidade".
"Somos um mercado novo. E
temos muito para conversar e
até pensar em treinar o consumidor", acredita.
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