Um dos criadores do gênero musical faz apresentação hoje em São Paulo, no via Funchal; ainda há ingressos à venda

Compositor de clássicos dos anos 50, guitarrista deve cantar "Johnny B. Goode" e "Rock and Roll Music" em show sem surpresas

IVAN FINOTTI
DA REPORTAGEM LOCAL

"Embora ninguém possa ser apontado individualmente como o inventor do rock, Chuck Berry chega mais perto que qualquer outro como aquele que juntou todas as peças essenciais." Assim começa a declaração que imortalizou Chuck Berry no Rock'n'Roll Hall of Fame em 1986.
Sem ele não haveria Elvis Presley, que traduziu o som negro para as plateias brancas.
Sem ele não haveria Beatles nem Rolling Stones, que tocaram suas canções na Inglaterra no início dos anos 60 e fizeram o rock explodir mundialmente.
Chuck Berry é mais importante do que Little Richards, do que Jerry Lee Lewis e, talvez, mais do que o próprio Elvis (apesar de jamais alcançar a mesma popularidade).
O que esperar, então, de seu show hoje? Não muito. Chuck Berry é hoje, aos 82, uma relíquia viva do rock, um dinossauro ainda não fossilizado, uma curiosidade.
Carrega quase tantas histórias quanto músicas que compôs. Ele, por exemplo, é muito sovina. "Isso já é até folclore nos Estados Unidos", contou o produtor Décio Cotomacio Júnior, que está trazendo o artista para o Brasil. "Ele não gosta de levar banda para que o show fique mais barato." No caso, Berry viaja com guitarrista (seu filho), baixista e tecladista. O baterista será brasileiro.
Impaciente, exigiu viajar no dia do show, ou seja, hoje. "E quer dirigir o carro em São Paulo", disse o produtor. "Estamos tentando fazê-lo levar um motorista junto, pelo menos." O carro tem que ser Mercedes.
Para comer, entretanto, nada de invenções: asinha de frango, costela de porco e suco de laranja é a dieta do astro.
Há 13 meses, ele se apresentou em SP e o jornalista André Barcinski, que assistiu ao show de 55 minutos, escreveu aqui nesta Ilustrada: "Lenda viva decepciona em show previsível e burocrático". Provavelmente será igualzinho hoje. Mas, pelo menos, ele fez o passo do pato...