São Paulo, quarta-feira, 19 de agosto de 2009

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CONEXÃO POP

Dançante e vigoroso


Em 50 minutos, os ingleses Friendly Fires fazem em São Paulo uma apresentação que ficará na memória


THIAGO NEY
DA REPORTAGEM LOCAL

NÃO PRECISOU mais do que um ou dois acordes da primeira música, "Love Sick", para termos a certeza de que o show do Friendly Fires, anteontem em São Paulo, seria vigoroso e dançante. A banda inglesa foi a principal atração da segunda edição do festival Popload Gig, que teve ainda Copacabana Club e Brollies & Apples.

 

O espaço onde aconteceu o festival, o Studio SP, não é dos maiores de São Paulo (capacidade: 500 pessoas), o que fez com que muita gente ficasse sem ingresso. Mas, para quem estava lá dentro, esse intimismo jogou a favor: banda bem perto do público, que se espremia e dançava ao mesmo tempo.
O Friendly Fires diferencia-se de 99% das bandas roqueiras não apenas por realmente serem bons músicos, mas porque sabem como e onde arriscar -as faixas são distintas entre si, mas não caem em experimentalismos desnecessários.
A base das músicas são guitarra e bateria, mas o baixo bate forte e grooveado. Ao vivo, o grupo ganha o apoio de dois instrumentos de sopro. Assim, se o ponto de partida é o rock, o caminho seguido pelo FF passa por toques percussivos e pela dance music.
Em "Kiss of Life", single que já toca em rádios e que puxará o segundo disco do grupo (início do ano que vem), eles ensaiam uma batucada que engorda a melodia e, veja só, não soa fora de lugar.

 

A paixão do Friendly Fires pela dance music não é artifício para se encaixar na tão falada união entre rock e dance (disco-punk, electro-rock etc.). Em entrevistas, eles já disseram que Carl Craig e o selo Kompakt são influências tão fortes quanto Gang of Four e Smiths, por exemplo.
Isso é visível em faixas como "On Board" e "Skeleton Boy", em que o baixo pulsa fornecendo o tom enérgico e dançante.
O vocalista, Ed Macfarlane, suando como se estivesse correndo no deserto, rebola e faz caretas lembrando um jovem Mick Jagger.
O show é intenso, poderoso, a temperatura sempre lá em cima, o público não para, a banda toca como se fosse a apresentação ao vivo mais importante da vida deles.
Após "Paris", ainda mais emocionante, a banda deixa o palco. Retorna pouco depois para um bis catártico. São 50 minutos que ficarão na memória por um bom tempo. Lugar pequeno, banda pronta para explodir. Não é sempre que temos esse tipo de experiência em São Paulo.

 

Em comparação com os horários da noite paulistana, parece até matinê. A partir das 19h de sábado, o CB (r. Brigadeiro Galvão, 871; SP; R$ 10) recebe uma festa que une a gravadora Monstro e a produtora Tronco. Haverá shows das bandas Elma e MQN, além dos recomendadíssimos Black Drawing Chalks, quarteto de Goiânia que tem a manha de produzir rock pesado e pop.

thiago.ney@uol.com.br


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